domingo, 8 de abril de 2012

5 A FUNÇÃO DA ESCOLA E DA FAMÍLIA ACERCA DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DE LEITURA

Aqui se tem dois focos em questão: um é a Família (primordial na aprendizagem) o outro é a escola (indispensáveis na evolução cognitiva) ambos completam um quadro que vai favorecer o crescimento saudável da criança, nos aspectos psico-sócio-cultural.
É sabido que a família é responsável por uma boa parte da educação dos filhos e que se essa vai mal também suas crias vão mal. A família “[…] forma de espinha dorsal […]” (NÉRICI, 1977, p. 96), ela deve manter-se equilibrada para poder sustentar o peso do corpo. É através da família que se constitui os valores e princípios éticos, levando o homem a ser reflexo de suas experiências vividas na família.
A educação no Lar é fundamental para a formação dos futuros cidadãos. É ele que mais está em condições de ensinar os filhos, pois é uma unidade viva e palpitante, muito mais autêntica e espontânea do que a própria escola, que é órgão específico de educação […]. (NÉRICI, [1977], p. 104).
A partir desta citação nota-se que é fundamental que a família esteja bem estruturada para que assim, quando o indivíduo partir para o convívio social saiba como proceder mediante aos possíveis conflitos da vida. Verificou-se o quanto é importante ter o acolhimento materno, independente da situação em social que a família se encontra.
Tanto o pai quanto a mãe exercem funções importantes no ato de educar seus filhos “O seio materno abre uma via de comunicação decisiva para o desenvolvimento infantil […]” (MOREIRA, 1996, p. 42). É através da mama que o filho faz sua primeira relação de troca. É o momento que a criança começa a fortalecer sua auto-estima, pois, sente o carinho e o afeto da mãe.
Também é função da família oferecer cuidados e proteção, garantindo com que a criança usufrua com dignidade todos seus direitos respeitando os aspectos físicos e psíquicos. E para que a criança tenha saúde mental equilibrada ela precisa se socializar, freqüentando ambientes adequados à sua idade (SALVADOR, 1999).

A criança retém definitivamente os sentimentos que seus pais têm em relação a ela e à vida em geral. Esses sentimentos serão a base para o conceito que ela formará de si própria (autoconceito) e do mundo. Uma criança que é desprezada aprende a desprezar-se; uma criança que é amada e aceita, tenderá a desenvolver atitudes positivas para a formação do seu autoconhecimento […]. (COELHO, 1999, p. 12). 
Uma das funções da família é a de preparar a criança para a escola, e isso, acontece ao passo que se sucede o convívio harmonioso pré-estabelecido na vida intra-familiar. Os pais devem construir junto ao filho, passo a passo sua estada na escola. Todos esses pré-requisitos em que a família vive, vão dar significado à atuação da criança na escola. Mesmo que as crianças ainda não tenham despertado para os interesses escolares, é necessário dotar-se desse segmento para adentrar no processo de aprendizagem na instituição escolar.
Segundo Freire (2002) se a criança ao entrar na escola tiver uma “visão de mundo”, isso possibilitará que ela tenha uma facilidade muito grande no processo de alfabetização, pois esse seria o primeiro passo na aquisição da lecto-escrita. Uma vez que a criança tenha um contato amplo com o mundo em que ela vive, esta terá maior habilidade para adquirir conhecimento.
As situações comentadas anteriormente representam os aspectos primordiais para que uma criança chegue à escola bastante estimulada para a convivência com a nova forma de aprender. Porém, nem sempre essa realidade acontece a partir dessa visão. Há famílias que tem sua base estrutural fragilizada, e isso de certa forma é transmitido para a criança. No entanto, essa não é uma regra, caso ela (a criança) apresente dificuldades de aprendizagem na leitura, existem outros fatores que podem contribuir para esse transtorno.
Nos casos em que a criança ainda não sabe ler, verifica-se que a ausência da mãe e do pai tem contribuído para esse transtorno, porém, outros fatores como sensoriais, psicomotores, neurológicos, etc. influenciam com bastante êxito para a dificuldade de aprendizagem da leitura. Quando os pais não sabem  lidar com essa situação, buscam ajuda na escola. Verifica-se que neste ponto, as instituições de ensino devem contribuir com a família.
Diferentemente da educação familiar, a escola tem critérios mais objetivos na avaliação do desempenho, sem deixar de lado a questão dos afetos. Ela dá ênfase ao pensamento formal, que prepara para o conhecimento científico em um contexto social de cooperação […]. (MOREIRA, 1996, p. 71).

Neste contexto a escola vai construindo todo o processo metodológico que fundamentará os conteúdos e as atividades pertinentes às necessidades dos alunos. Em se tratando da criança com dificuldade de aprendizagem da leitura, é necessário que a instituição tenha conhecimento do processo inicial de alfabetização da criança para não correr o risco de desencaminhar esse aluno do real papel da escola. “O clima escolar e as atitudes, expectativas e juízos de cada professor, juntamente com a metodologia que utiliza, são, em grande medida, responsáveis pela crescente falta de motivação de alguns alunos […]” (COLL, 2004, p. 135).
Conforme se verifica, a função da escola é imprescindível na formação da criança, levando em consideração sua atuação no que diz respeito aos procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento psíquico dela.
Foi pensando nas necessidades das crianças com problema de aprendizagem voltado para a fala, a escrita, a leitura e a motricidade que um grupo de pesquisadores influenciados pelas teorias freudianas que,
Em 1945 foram, fundados os primeiros centros psicopedagógicos com o intuito de beneficiar pais, crianças e educadores em um trabalho integrado lar-escola. Unindo conhecimentos psicológicos e psicopedagógicos, estes centros procuravam tratar comportamentos socialmente inadequados, tanto na escola como no lar, objetivando a readaptação da criança […]. (DROUET, 1997, p. 90).
Esse centro veio contribuir junto às famílias e instituições de ensino as saber lhe dar com situações onde as crianças demonstram problemas de aprendizagem e comportamento. Ele vem mostrar como o trabalho em conjunto possibilitará um resultado satisfatório. Contudo, não se pode perder de vista que na ausência dos pais, o professor tem que desempenhar com perfeição sua prática com o intuito de ajudar a criança a superar tal problema de aprendizagem. 
Uma atitude coerente acerca da boa aprendizagem da criança exige que tanto a escola quanto os pais tenham um bom relacionamento para que também o próprio aluno absorva valores dessa junção: Família-Escola conforme comenta Paola Gentile (2006, p. 33) em reportagem a revista Nova Escola: “Escola e Família têm os mesmos objetivos: fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem […] transformar os pais ou responsáveis em parceiros”.
Essa é uma prova de que a escola está abrindo os olhos para a realidade. E isso, significa que a escola sem a Família não funciona como deveria. Porém, é  preciso deixar o preconceito de lado, e procurar ver a realidade em que cada família está inserida.

A função da escola não é somente ensinar. Essa, por sua vez, deve expandir seu leque de acolhimento no seu mais amplo sentido para acolher o aluno como um todo. Para Gentile (2006, p. 35) “A família é o primeiro grupo com o qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a vida […]” e de acordo com esses aspectos a escola tem que buscar inserir a família na realidade da instituição.
Na atualidade observam-se muitas escolas que atraem os pais para falar dos problemas que os alunos apresentam, porém, esta não é a melhor forma de trazer os pais para a escola. É preciso criar momentos diferenciados de descontração para que esse responsável comece a se familiarizar com o ambiente escolar. Por isso, a instituição deve em suas propostas pedagógicas inserir metas que favoreçam as famílias a atuarem junto com o corpo estrutural escolar.    
A dificuldade de aprendizagem no que diz respeito ao não-aprender do aluno muitas vezes é decorrente de metodologia inadequada, professores desmotivados e incompreensivos, brigas e discussões entre colegas, entre outras” (SIMONI, 2007). Por ser uma facilitadora do conhecimento a escola tem o dever de oferecer um quadro de profissionais que corresponda uma educação de qualidade. E, para isso, precisa capacitar seus professores, possibilitando-os a desenvolver uma educação significativa que atenda às necessidades das crianças que por algum motivo apresentam transtornos de aprendizagem. Essas ações devem vir contidas nas metodologias que a escola irá usar no decorrer do ano letivo. Esta por sua vez, deve envolver o aluno em seu contexto para que assim, tanto a escola quanto a família e a própria criança venha a ganhar com essa prática. 



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