2 CONTEXTO HISTÓRICO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Os problemas de
dificuldade da aprendizagem na leitura podem ter grandes significados, quando
observados de um ângulo histórico. A partir das relações históricas entre a
sociedade contemporânea e a sociedade da Antigüidade, é possível dissipar as
facetas que são apresentadas para as crianças
durante o processo de aquisição do ato de ler.
A princípio
parece banal, mas na sociedade antiga a educação nunca foi pioneira para as
famílias de classe baixa que viviam satisfeitas apenas com a aquisição do
conhecimento da escrita e da leitura. Enquanto que, nas famílias de classe
média, a escolarização se estendia até o nível superior (ARANHA, 1996). Essa
desigualdade educacional ainda perdura nos tempos atuais, porém com pouca
abrangência social.
A ideologia é, portanto, um fenômeno das sociedades dividas em classes. Por meio
dela a classe dominada não percebe a divisão que a inferioriza e, assumindo os
valores dominantes, não é capaz de elaborar a consciência própria da classe a
que pertence. (ARANHA, 1996, p. 16).
Esse de fato é o
retrato da sociedade até os tempos contemporâneos. A ideologia imposta pela
classe dominante é acatada pela classe subalterna, que mediante o comando
esbarra-se na fragilidade de cumprir com sua obrigação de oprimido.
Esquecendo-se de que é um cidadão repleto de direitos e deveres. Por isso não
deveria baixar a cabeça perante essa situação.
Todas as
questões que se voltam para a relação ideológica assumem caráter político, pois
levam o cidadão a confrontar-se com sua própria história principalmente, quando
se refere à educação, porque este contexto, subjetiva dois aspectos, um
educacional e outro social, onde ambos sofrem influências entre si. Contudo, ao
compartilhar com o meio, a educação acaba por sofrer os efeitos da ideologia,
fortalecendo as relações estabelecidas a partir da existência do homem (ARANHA,
1996).
A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar
de socialização do indivíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros,
a comunicar e a falar depois aprende comportamentos, regras, sistemas de
valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade
física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma
fortíssima ação ideológica […]. (CAMBI, 1999, p. 80).
O que se
verifica é que por ser a família a responsável primordial nos aspectos
educacionais, acata as normas da sociedade respeitando a hierarquia
institucional, onde leva adiante os conhecimentos de seus antepassados. Esse
era um marco no sentido de não fazer morrer a cultura deixada por seus
parentes. Por isso, durante muito tempo a educação foi sendo conduzida sobre a
ação ideológica.
A história geral
da educação mostra o quanto sua ausência no contexto educacional protelou a
conquista de sua emancipação no que se refere ao espaço adquirido no final do
séc. XVIII, quando os próprios historiadores buscam sistematizar e inserir a
história da educação no processo de aquisição cognitiva no âmbito escolar.
É importante
lembrar que a família, nestas condições, se
coloca bastante conservadora no que se refere à existência de uma educação
voltada para a valorização dos costumes de seus antepassados, colocando-se à mercê
da sociedade dominante.
Ao passo que essa realidade foi se desencadeando, os tempos
foram se adequando à realidade presencial de sua própria história. Com isso, faz-se
necessário conhecer alguns períodos históricos que levam a fazer memória acerca
dessa realidade até os tempos atuais.
2.1 Antiguidade no Oriente
Conforme se
verifica, nos escritos de ARANHA (1996) que, a formação dessa sociedade surge ao norte da África e na Ásia, e somente há
quatro milênios a.C. os egípcios se constituem como sociedade entre outras.
Nesse período as sociedades eram conhecidas como civilizações fluviais.
Essas sociedades
traziam uma organização tradicional, fortalecendo o individualismo, onde o
Estado mantinha o poder e impugnava a classe baixa, apropriando-se de suas
terras, para que assim, controlasse a produção agrícola, os impostos e o
principal meio de evolução, a mão-de-obra. Isso caracteriza a centralização do poder
e, visa ampliar o aspecto hierárquico através da valorização dos dirigentes do
Estado.
A maneira de os homens das primeiras civilizações orientais se
relacionarem para produzir sua subsistência é conhecida como modo de produção
asiático. Há quem também assim denomine as relações de produção dos povos
pré-colombianos da América, como os incas, maias
e astecas. (ARANHA, 1996, p. 32).
A partir daí
observa-se, a diferenciação das classes sociais, quando neste momento, os
cargos estão sob a responsabilidade da minoria. E a grande maioria “obsoleta”, isto é, que não teve acesso à educação, dedica-se
à produção. E, assim, à sua maneira, transformam a realidade através dos
vínculos que se estabelecem entre si por meio da comunicação gerada sobre a
produção.
Também neste
período, surgem as primeiras letras, demonstrando um período de avanço na
história da educação. Mesmo que este avanço não se dissipe, o Estado demonstra seu poder tradicional, através de imposição de normas e regras sociais, que não
permite ao povo agir com liberdade.
Diferente do tempo da idade média e contemporânea, a escrita era transcrita em hieróglifos
“[…] escrita sagrada usada em ocasiões especiais […]” (FRANCISCO FILHO,
2003, p. 15) representada por figuras nas paredes (pictográficos), sem a
presença do som. Somente com o processo de evolução daquele povo, as escritas
passaram a obter som e ser transcrita em madeira e papiro sem deixar de lado a
forma pictográfica.
A educação por
ser tradicional e conservadora alimenta em seu povo as “regras de condutas” no
que concerne à existência dos costumes, respeitando assim, a tradicional
influência da Igreja, quando o assunto é manter o caráter religioso. E isso,
implica deixar de lado a classe menos favorecida, pois os mesmos não tinham
direito à educação. “O dualismo escolar, destina um tipo de ensino para o povo
e outro para os filhos dos funcionários. A grande massa é excluída da escola e
restringida à educação familiar […]”. (ARANHA, 1996, p. 34).
Com o
crescimento daquele povo, o que era restrito precisava de abrangência, devido à
grande demanda de pessoas que buscavam novas formas de instrução. Mesmo que a
educação naquela instância ainda fosse prioritária para a classe dominante, não
se vê outra saída, a não ser diferenciar o ensino escolar, pois, precisava-se
de mão de obra capacitas para produção. Então, inicia-se com apoio religioso a
leitura básica para a classe desfavorecida que “restringia a educação familiar
informal”.
Na sociedade
Oriental é comum que o conhecimento seja adquirido em templos religiosos ou em
algumas casas, uma vez que ainda não existia um espaço apropriado somente para
a escolarização. As turmas que se formavam tinham no máximo 20 alunos.
Os ensinamentos eram em forma de conselho e os
escribas não ministravam aula às pessoas do povo apenas aos filhos e membros
dos segmentos dirigentes. A pedagogia da época era praticada pela repetição e
memorização. A autoridade do mestre sempre imperava, inclusive com castigos
físicos, para que o aluno não pudesse viver numa sociedade onde a ascensão
seria quase impossível. (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 16).
Observa-se que a pedagogia
tradicional centrava-se na idéia de que o homem haveria de se conformar com
educação oferecida, tendo sua essência imutável perante a evolução do saber,
uma vez que o intelecto e a racionalidade do homem eram desconhecidos. Além do
mais, essa tendência valorizava a figura do professor como transmissor do
conhecimento e do aspecto lógico, levando em conta, que a memorização e o
castigo como recurso pedagógico predominavam na aprendizagem.
Até então,
observa-se uma educação que busca moldar o homem para suas necessidades
sociais. E para isso, é preciso conter este ser em uma cultura que não se
desprenda do aspecto religioso, coagir o homem em sua própria capacidade para
não haver nenhum ato de repressão acerca do poder da classe sacerdotal. Por
isso, tendiam a conservar o seguinte legado: “[…] o aprendizado é longo,
minucioso e voltado para a preservação dessa língua […]” (ARANHA, 1996, p. 34).
Os povos babilônicos centravam-se na construção
de bibliotecas e tinham o domínio da astrologia, magia e adivinhações. Essas
características descrevem um pouco da realidade educacional dos Egípcios e
Babilônicos.
Na índia têm-se uma educação influenciada
pelas características do Budismo, fundado no século VI a. C por Sidarta
Gautama. O Buda (que significa o iluminado) valoriza a relação entre mestre e
discípulo. Essa influência chegou até a juventude norte-americana na década de
50, que se encontravam descontente com o modo de vida Ocidental (ARANHA, 1996).
Para os chineses a educação apresentava caráter
conservador, uma vez que o processo de aprendizagem era voltado para a
transmissão do conhecimento por meio dos livros clássicos. Na China se usava
dessas tradições para influenciar na educação a partir da sabedoria que os
autores buscavam para encontrar uma resposta por meio da inspiração e conceitos
(ARANHA, 1996).
A educação elementar visa à alfabetização, muito difícil e democrata
devido ao caráter complexo da escrita chinesa. Também é ensinado o cálculo e
oferecida a formação moral por meio da transmissão dos valores ancestrais […].
(ARANHA, 1996, p. 35-36).
Os aspectos
apontados pela educação chinesa denotam traços da tendência tradicionalista. A
memorização era a técnica mais usada por essa sociedade uma vez que, o processo
de aprendizagem exigiria muito esforço dos estudantes.
A priori não se
observa uma educação que seja uma prática reflexiva uma vez que, a sociedade
Oriental não dispõe de um saber que transpasse o aspecto cultural e tradicional
em que as famílias transmitem para seus filhos. Levando em consideração os
valores religiosos deixados por seus antepassados.
2.2 Na Antiguidade Grega
As expansões das
civilizações orientais chegam à Europa, com o surgimento da Grécia e de Roma.
Na antiga
Grécia, politicamente falando, não se tinha uma
estrutura política comum a todas as Cidades-Estado. Cada uma apresentava seus
próprios segmentos políticos.
A Grécia é uma
civilização subdivida que sofreu influências das
civilizações ocidentais. E que com sua formação aristocrata (na figura do
guerreiro) veio passando por várias transformações no que tange aos interesses
dos diferentes povos que habitam seus territórios. Este período caracteriza-se
pela implantação do sistema escravista nas Póleis.
Outro fator
importante diz respeito ao sistema de escrita já presente nesta época conforme
a citação: “A escrita já se encontra suficientemente desligada de preocupações
religiosas, sendo utilizadas para facilitar a administração dos negócios […]”
(ARANHA, 1996, p. 40).
Os povos que
viviam na Grécia tinham uma grande aliada até
mesmo pelos séculos que eles se encontram. O que de certa forma vem contribuir
com o processo de desenvolvimento da economia, uma vez que o conhecimento da
escrita possibilita melhor as relações administrativas. Ainda durante esse
período (séc. VIII a. C) alguns conflitos ocorrem devido a uma Crise social e
política, o que caracteriza certo confronto entre as classes, devido às leis já
existentes favorecerem aos comerciantes.
Democratizar
seria uma saída para evitar os conflitos, por isso, no final do século VI a. C,
Clístenes dá condições para o nascimento de uma nova ordem política democrática
(ARANHA, 1996).
O período
clássico (séculos V e IV a. C) e o período helenístico (séculos III e II a. C)
são opostos no que se refere ao apogeu e à democracia. No
clássico temos uma Grécia enriquecida pelas produções artísticas, literárias e
filosóficas e por trás desses avanços em que somente uma parte da sociedade é
beneficiada, existem os escravos representando o maior número de habitantes
como sustentáculo na economia. Enquanto isso, o povo helenístico vivia uma
decadência política. Situação essa ocasionada pela falta de uma política que
fosse a base de todas as relações sociais e econômicas. Além dos grandes
conflitos travados entre as Cidades-Estado, Atenas e Esparta, que tem Atenas
como derrotada.
Ao contrário da
antiguidade oriental, a Grécia sobrepõe-se os valores religiosos, para adquirir
“[…] a razão da autonomia, da inteligência crítica e pela atuação da
personalidade […]” (ARANHA, 1996, p. 41). A valorização do cidadão como pessoa íntegra
capaz de formar idéias reflexivas que contribuam para o crescimento daquele
povo.
A
educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles
acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino
desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo
não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola
aos 6 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética,
literatura, música escrita e educação física; além disso, decorava muitos
poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos
tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para
treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade
de 18 anos. (HERZER, [200-]).
É através das
potencialidades acordada entre os povos Gregos que se origina um sistema que
passa a dar significado e sentido aos princípios pedagógicos da educação. A Paidéia,
por sua vez, é a uma grande descoberta que ganhou ramificação e que no início
se direcionava para a “criação de meninos” (pais, paidós, ‘criança’). E com o
tempo ganhou nova denominação, segundo Aranha (1996, p. 41):
A palavra paidagogos significa literalmente aquele que
conduz a criança (agogôs, que conduz criança), no caso que acompanha a criança à escola. Com o
tempo, o sentido se amplia para designar toda teoria sobre educação. São Gregos
que, ao discutir os fins da paidéia, esboçam as primeiras linhas conscientes da
ação pedagógica.
Contudo, o saber
Grego ainda é referendado as influencias sobre- naturais,
ou seja, a força divina ultrapassa o conhecimento racional. O momento histórico
foi marcado pelas epopéias Ilíadas, narra os eventos da guerra de Tróia, a
vitória dos aqueus e a constituição e Odisséia conta a viagem de Ulisses de
Tróia a Ítaca do autor Homero que talvez não possa ter existido e que seus poemas
são frutos de autores de diversas épocas (CAMBI, 1999).
Com o nascimento
da filosofia a tradição mítica perde seus pensamentos para o racional e o
filosófico. O que por certo não ostenta a um grande saldo, uma vez que, esta
chegou a seu ápice devido às transformações que se sucederam no período arcaico
referente “à escrita, à moeda e a polis”. A
forma pela qual se dá o surgimento da filosofia é caracterizada justamente pelos
conflitos que foram ocorrendo desde os primórdios de toda a problemática e discussão
de uma realidade que jamais fora questionada pelo mito (ARANHA, 1996).
E educação neste
momento ainda não envolve a sociedade no geral quanto ao aspecto formal, porém
já se percebe certo enraizamento direcionado à classe baixa.
Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no
conformismo e no estatismo, outro na concepção de Paidéia, de formação humana
livre e nutrida de experiências diversas, sociais, mas também culturais e
antropológicas […]. (CAMBI, 1999, p. 82).
A cidade espartana apresenta uma educação voltada
para a formação de “[…] soldados fortes para manter submetidos os outros povos
conquistados […]. Era um sistema totalitário, próximo das ditaduras modernas,
reduzindo o individualismo a ser quase inoperante […]” (FRANCISCO FILHO, 2003,
p. 69). A partir deste objetivo espartano era possível conciliar com atividades
esportivas e musicais.
Quanto à mulher,
já era possível manter a estética cuidando de seu corpo. Contudo, essa idéia
vem repleta de preconceitos, pois, sugere “abandonar as crianças deficientes ou
frágeis demais”. A sociedade espartana preparava o homem para o serviço
militar. Conforme comenta Aranha (1996, p. 51): “Ao contrário dos atenienses, os
espartanos não são educados para os refinamentos intelectuais, nem apreciam os
debates e os discursos longos”.
Também em Atenas são notáveis alguns aspectos
semelhantes com a educação em
Esparta. Por exemplo: a mulher continua sendo a responsável
pelos afazeres domésticos. Além do processo de alfabetização ser parecido com o
de Esparta (Educação física e musical). Contudo,
Atenas demonstra superioridade quanto ao aspecto político e democrático. “Os
homens viviam na polis, enquanto, em Esparta, viviam em acampamentos militares
[…]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 70).
Em Atenas, a leitura e a escrita, durante
muito tempo não foram valorizadas, uma vez que, educar para o intelectualismo
de início não exigia muito conhecimento. O processo do desenvolvimento
intelectual era gradual e seguia os níveis de educação: elementar, secundária e
superior. No entanto, a classe baixa quando concluía a educação elementar tinha
que procurar outro “ofício”, não tinha oportunidade de continuar os estudos,
como fazia os filhos da nobreza.
Tanto para Atenas quanto para Esparta, se nota desvalorização das crianças com dificuldades de
aprendizagem. A própria família é omissa a respeito das deficiências trazidas
por seus filhos. Tendo em vista que, a sociedade era obediente aos costumes e à
cultura de sua cidade-estado.
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os
ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O Principal objetivo
da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos
antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para
uma profissão ou negócio. (HERZER, [200-]).
Como cita o
autor a figura da mulher era bastante inferiorizada por conta do machismo que
já predominava desde os tempos antigos. A mulher era domesticada para o serviço
de casa, ou seja, aprendia todos os afazeres manuais com a mãe. As crianças viviam
submissas às ordens dos pais que decidiam qual seria o futuro delas, sua
infância era tirada desde muito cedo, pois não havia nenhum investimento futuro
acerca da educação. Elas desconhecem o significado do afeto familiar.
2.3 Na Antiguidade Romana
A história dos romanos remonta ao segundo milênio a.C
quando a parte centro-sul da península é povoada por tribos de provável origem
indo-européia, os italiotas ou itálicos. Subdividem-se em diversos povos de
línguas, costumes e desenvolvimento diferentes, dedicando-se alguns ao
pastoreio, outros a agricultura. (ARANHA, 1996, p. 59).
Como é notável, a sociedade romana é estruturada por diferentes
povos, marcada pela posse comum da terra. Nesse período, ainda não existia a
sociedade privada. Historicamente, Roma está dividida em três grandes períodos:
Realeza (753 a
509 a.C),
República (509 a
27 a.C) e
Império (27 a
476 a.C).
A expansão de Roma a torna uma nação por conta de sua formação.
Segundo Aranha
(1996), a pedagogia Grega apresenta duas vertentes: uma voltada para a visão
Filosófica Sistematizada (Platão), outra predominava a Retórica (Isocrátes).
Porém, para os romanos a visão filosófica
sistematizada não é bem aceita uma vez que ela adota uma postura
pragmática, ou seja, dão ênfase mais ao cotidiano, para a ação política e não
para a contemplação e teorização do mundo. Com isso valorizam mais o discurso e
se abstêm da tendência da retórica.
Roma estabelece alguns princípios e objetivos para
encaminhar os primórdios educacionais relacionados com o contexto cultural,
social e político:
a) Valorizava, no ser humano, a ação, a vontade e o esforço sobre a
reflexão;
b) No campo político, a ênfase era dada na participação no poder,
administração e manutenção dos territórios conquistados;
c) Socialmente, ela estava assentada nas famílias com finalidade, maior no
Estado;
d) No desenvolvimento cultural, a preocupação era com a criação das leis e
normas, mas pouco interesse com a pesquisa e com uma filosofia que pudesse fornecer
as bases epistemológicas;
e) No campo da educação, a ênfase era dada na formação de hábitos,
exercícios para a guerra, atitude realista, mas sem grandes reflexões
intelectuais dos gregos. Toda educação estava direcionada à prática. (FRANCISCO
FILHO, 2003, p. 81-82).
Ao contrário do
povo Grego, a partir de Quintiliano, Roma direciona os cuidados que devem ser
tomados quando as crianças começam a primeira infância:
Para a iniciação às letras, sugere o ensino simultâneo
da leitura e da escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a
aprendizagem. Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade
escolar seja menos árdua e mais proveitosa. Considera importante que a criança
aprenda em grupo, por favorecer a emulação, de natureza […] saudável e
estimulante. (ARANHA, 1996, p. 63).
Conforme Aranha
(1996), essa é uma idéia sugerida por Quintiliano para melhor favorecer o processo
de formação das crianças. Como nas outras sociedades (Gregas) a educação também
tinha início a partir dos sete anos. As meninas permaneciam sob a
responsabilidade das mães ou de outra “matrona” mulher responsável, para
ensinar os serviços domésticos. E os meninos acompanhavam os pais para serviços
mais braçais. A aprendizagem se baseava na vivência cotidiana, onde pai ensinava
o que tinha aprendido com seus antepassados, até chegar o período da criança
freqüentar a escola.
Contudo, na
antiguidade, nota-se que a família não era nuclear, formada por Pai, Mãe e
Filhos, mas extensivas, ou seja, incluía todos os membros que ali viviam:
filhos casados, escravos e clientes. (dos quais o pater famílias é o proprietário, juiz e chefe religioso) (ARANHA,
1996).
No contexto
histórico a problemática das dificuldades de aprendizagem passa a ganhar uma
nova visão quando as sociedades começam a se desenvolver de acordo com as
épocas e com quem estava à frente do governo, como por exemplo:
a) No século XIII e XIV as crianças entravam para a
escola somente com 13 anos;
b) No século XVI
os Jesuítas colocaram a entrada das crianças na escola para 7 anos;
c) No século XVII, nos reinados de Luís XIIII e Luís XIV,
as crianças iniciavam na escola entre os 5 e 9 anos.
Conforme Jardim (2001),
com o tempo a escola foi abrindo suas portas para as crianças, que também
representava um número muito grande de inadaptação. Pois, sabe-se que, quanto
mais tempo leva para o indivíduo entrar na escola, maiores dificuldades serão
encontradas desde os processos de adaptação até os problemas de aprendizagem. A
escola, desde os tempos antigos custou muito para dar oportunidade às crianças,
tudo isso, por conta do poder ideológico que tornava o cidadão prisioneiro de
seus próprios direitos.