domingo, 8 de abril de 2012


3 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA: fatores e causas

Para Jardim (2001) a dificuldade de aprendizagem representa uma decorrência do insucesso escolar, intrinsecamente ligado a fatores sociais e individuais, sendo preocupante no nível de implicações familiar e escolar. Nesse caso, verifica-se que a escola pode ou não contribuir para que o aluno fracasse no rendimento. Isto poderá acontecer, caso ela não respeite os conhecimentos prévios e os valores que essa criança traz de casa.
A escola tem a função de ensinar a aprender. Portanto, é comum notar que nos tempos atuais algumas formas de ensinar estão acontecendo erradamente. E isso, está bloqueando a espontaneidade e a curiosidade das crianças (JARDIM, 2001).
Para Piaget o homem é um ser social, capaz de interagir com o meio, e que o mesmo não poderia viver isolado dos acontecimentos sociais. Portanto, o desenvolvimento do homem acontece a partir das relações de convivência e trocas que este estabelece com outros seres racionais. “O ser social é justamente aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada […]” (LA TAILLE, 1992, p. 15).
Sabe-se que a aprendizagem se dá por meio de um processo dinâmico e que em hipótese alguma deve desencadear em acúmulo do conhecimento. Pois, uma vez que a escola se distancia do trabalho pedagógico, pode obter um resultado pouco satisfatório referente ao nível de aprendizagem dos alunos, ela está se equivocando quanto à construção do conhecimento. Para Jardim (2001), alguns parâmetros devem ser levados em consideração: a discrepância entre o potencial de aprendizagem e os resultados escolares; disfunções no processo de informação e fatores de exclusão são os grandes responsáveis pelo desempenho escolar.
Na prática, esses aspectos não são levados muito a sério. Isto, por conta da idéia fixada, de que a criança com dificuldade de aprendizagem apresente algum tipo de distúrbio, o que se caracteriza como exclusão social. Para Garcia (1998) as dificuldades de aprendizagem estão diretamente correlacionadas nos processos implicados na linguagem e nos rendimentos acadêmicos. No entanto, é possível que a dificuldade de aprendizagem ocorra independente da idade da pessoa, e pode ser causada por uma disfunção cerebral ou uma alteração emocional-condutual.  
Tratando-se da dificuldade de aprendizagem da leitura, pode-se inferir que essa depende do nível em que a pessoa se encontra. Por exemplo: para Piaget na criança, “[…] a linguagem é uma forma de representação e consiste num sistema de significações no qual a palavra funciona como significante, porque permite ao sujeito evocar verbalmente objetos ou acontecimentos ausentes […]” (FARIA, 1997).
Verifica-se que, a presença do objeto de conhecimento e a exploração deste facilitam a expressão verbal e, ao passo que a criança vai evoluindo sua inteligência, vai construindo todos os esquemas mentais que vão estruturar o conhecimento.
Para Ferreiro (1985, p. 21-22), a linguagem ainda deixa muito a desejar levando em conta os modelos tradicionais e associacionistas. Pois, os primeiros contatos com a linguagem surgem na família.
Quando a criança produz um som que se assemelha a um som da fala do pai, estes manifestam alegria, fazem gestos de aprovação, demonstram carinho, etc. Desta maneira, o meio vai “selecionando” do vasto repertório de sons iniciais saídos da boca da criança, somente aqueles que correspondem aos sons da fala adulta. A esses sons é preciso dar um significado para que se convertam em palavras. 
Nesse caso é preciso apresentar à criança símbolos que reflitam o significado dos sons emitidos pelo adulto. Esta seria uma forma de solucionar o tal problema. Na situação em que a criança apenas produz a linguagem, observa-se que ela não é incentivada a compreender a natureza da linguagem.
O processo inicial da aquisição da linguagem se dá desde a alfabetização, portanto, quando uma criança apresenta um déficit no desempenho da leitura dentro dos níveis evolutivos pode-se afirmar que a mesma precisa de um trabalho diferenciado junto ao educador.
Contudo, observa-se que, alguns fatores podem impossibilitar o desenvolvimento da aprendizagem infantil, alguns transtornos escolares. Pain (1985, p. 28) considera “[…] o problema de aprendizagem como um sintoma no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de desenvolvimento”.
No entanto, é possível solucionar essa problemática. A questão de não aprender, norteia a idéia de sintoma. Muitas vezes a dificuldade de aprendizagem, pode ser uma forma de obter a atenção do pai. Essa situação vale tanto para o aprender quanto para o não aprender, uma vez que em muitos casos os pais trabalham e, estão ausentes a maior parte do tempo, isto provoca  carência afetiva na criança, que busca uma forma de ser notada.

3.1 Os Fatores que causam dificuldades de aprendizagem

Os fatores neuropsicológicos, psicomotores/sensoriais e cognitivos, devem estar funcionando normalmente para poder favorecer a aprendizagem, de maneira que não interrompa a criança o desenvolvimento na escola Garcia (1998). O resultado de uma aprendizagem bem sucedida requer do indivíduo, que suas estruturas cognitivas estejam funcionando dentro da normalidade.
Para que a criança obtenha bons resultados acerca do processo de aquisição da leitura, é preciso que o ambiente seja favorável e estimulante. A aprendizagem no seu pleno desenvolvimento exige uma mudança e, sabe-se que essa mudança traz aspectos hereditários  que são influenciados pela interação com o meiox onde ele vive.
A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do organismo e independe de treino ou estimulação ambiental. Caracteriza-se por mudanças estruturais influenciadas pela hereditariedade, que ocorrem em dado momento, envolvendo a coordenação de numerosas partes de sistema nervoso […]. (COELHO, 1999, p. 10).
Considerando o processo de maturação e de desenvolvimento da estrutura física, assim como, o aspecto sócio-cultural e emocional pode ser identificada a dificuldade de aprendizagem da leitura.  Pois, sabe-se, que a criança durante seu desenvolvimento sofre mudanças que podem inferir no estado de evolução da lecto-escrita.
Verifica-se que o indivíduo é um ser bio-psico-social e cultural e, ainda que seu emocional deva estar em equilíbrio com o ambiente que vive, para que ele possa internalizar informações que lhe são fornecidas através dos adultos. Portanto é importante ressaltar que, para aprender, o aluno precisa estar em harmonia com tudo aquilo que o cerca.

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