5 A FUNÇÃO DA ESCOLA E DA FAMÍLIA ACERCA DA
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DE LEITURA
Aqui se tem dois
focos em questão: um é a Família
(primordial na aprendizagem) o outro é a escola
(indispensáveis na evolução cognitiva) ambos completam um quadro que vai
favorecer o crescimento saudável da criança, nos aspectos psico-sócio-cultural.
É sabido que a
família é responsável por uma boa parte da educação dos filhos e que se essa
vai mal também suas crias vão mal. A família “[…] forma de espinha dorsal […]”
(NÉRICI, 1977, p. 96), ela deve manter-se equilibrada para poder sustentar o
peso do corpo. É através da família que se constitui os valores e princípios
éticos, levando o homem a ser reflexo de suas experiências vividas na família.
A educação no Lar é fundamental para a formação dos
futuros cidadãos. É ele que mais está em condições de ensinar os filhos, pois é
uma unidade viva e palpitante, muito mais autêntica e espontânea do que a própria
escola, que é órgão específico de educação […]. (NÉRICI, [1977], p. 104).
A partir desta
citação nota-se que é fundamental que a família esteja bem estruturada para que
assim, quando o indivíduo partir para o convívio social saiba como proceder
mediante aos possíveis conflitos da vida. Verificou-se o quanto é importante
ter o acolhimento materno, independente da situação em social que a família se
encontra.
Tanto o pai
quanto a mãe exercem funções importantes no ato de educar seus filhos “O seio
materno abre uma via de comunicação decisiva para o desenvolvimento infantil
[…]” (MOREIRA, 1996, p. 42). É através da mama que o filho faz sua primeira
relação de troca. É o momento que a criança começa a fortalecer sua
auto-estima, pois, sente o carinho e o afeto da mãe.
Também é função
da família oferecer cuidados e proteção, garantindo com que a criança usufrua com dignidade todos seus direitos respeitando os
aspectos físicos e psíquicos. E para que a criança tenha saúde mental
equilibrada ela precisa se socializar, freqüentando ambientes adequados à sua
idade (SALVADOR, 1999).
A criança retém definitivamente os sentimentos que
seus pais têm em relação a ela e à vida em geral. Esses
sentimentos serão a base para o conceito que ela formará de si própria
(autoconceito) e do mundo. Uma criança que é desprezada aprende a desprezar-se;
uma criança que é amada
e aceita, tenderá a desenvolver atitudes positivas para a formação do seu
autoconhecimento […]. (COELHO, 1999, p. 12).
Uma
das funções da família é a de preparar a criança para a escola, e isso,
acontece ao passo que se sucede o convívio harmonioso pré-estabelecido na vida
intra-familiar. Os pais devem construir junto ao filho, passo a passo sua estada na
escola. Todos esses pré-requisitos em que a família vive, vão dar significado à
atuação da criança na escola. Mesmo que as crianças ainda não tenham despertado
para os interesses escolares, é necessário dotar-se desse segmento para
adentrar no processo de aprendizagem na instituição escolar.
Segundo
Freire (2002) se a criança ao
entrar na escola tiver uma “visão de mundo”, isso possibilitará que ela tenha
uma facilidade muito grande no processo de alfabetização, pois esse seria o
primeiro passo na aquisição da lecto-escrita. Uma vez que a criança tenha um
contato amplo com o mundo em que ela vive, esta terá maior habilidade para
adquirir conhecimento.
As situações
comentadas anteriormente representam os aspectos primordiais para que uma
criança chegue à escola bastante estimulada para a convivência com a nova forma
de aprender. Porém, nem sempre essa realidade acontece a partir dessa visão. Há
famílias que tem sua base estrutural fragilizada, e isso de certa forma é
transmitido para a criança. No entanto, essa não é uma regra, caso ela (a
criança) apresente dificuldades de aprendizagem na leitura, existem outros
fatores que podem contribuir para esse transtorno.
Nos casos em que
a criança ainda não sabe ler, verifica-se que a ausência da mãe e do pai tem
contribuído para esse transtorno, porém, outros fatores como sensoriais,
psicomotores, neurológicos, etc. influenciam com bastante êxito para a
dificuldade de aprendizagem da leitura. Quando os pais não sabem lidar com essa
situação, buscam ajuda na escola. Verifica-se que neste ponto, as instituições
de ensino devem contribuir com a família.
Diferentemente da educação familiar, a escola tem
critérios mais objetivos na avaliação do desempenho, sem deixar de lado a
questão dos afetos. Ela dá ênfase ao pensamento formal, que prepara para o
conhecimento científico em um contexto social de cooperação […]. (MOREIRA,
1996, p. 71).
Neste contexto a
escola vai construindo todo o processo metodológico que fundamentará os conteúdos
e as atividades pertinentes às necessidades dos alunos. Em se tratando da
criança com dificuldade de aprendizagem da leitura, é necessário que a
instituição tenha conhecimento do processo inicial de alfabetização da criança
para não correr o risco de desencaminhar esse
aluno do real papel da escola. “O clima escolar e as atitudes, expectativas e
juízos de cada professor, juntamente com a metodologia que utiliza, são, em
grande medida, responsáveis pela crescente falta de motivação de alguns alunos
[…]” (COLL, 2004, p. 135).
Conforme
se verifica, a função da escola é imprescindível na formação da criança,
levando em consideração sua atuação no que diz respeito aos procedimentos
metodológicos utilizados para o desenvolvimento psíquico dela.
Foi
pensando nas necessidades das crianças com problema de aprendizagem voltado para a fala, a escrita, a leitura e a
motricidade que um grupo de pesquisadores
influenciados pelas teorias freudianas que,
Em 1945 foram, fundados os primeiros
centros psicopedagógicos com o intuito de beneficiar pais, crianças e
educadores em um trabalho integrado lar-escola. Unindo conhecimentos
psicológicos e psicopedagógicos, estes centros procuravam tratar comportamentos
socialmente inadequados, tanto na escola como no lar, objetivando a readaptação
da criança […]. (DROUET, 1997, p. 90).
Esse
centro veio contribuir junto às famílias e instituições de ensino as saber lhe dar com
situações onde as crianças demonstram problemas de aprendizagem e
comportamento. Ele vem mostrar como o trabalho em conjunto possibilitará um
resultado satisfatório. Contudo, não se pode perder de vista que na ausência
dos pais, o professor tem que desempenhar com perfeição sua prática com o
intuito de ajudar a criança a superar tal problema de aprendizagem.
Uma
atitude coerente acerca da boa aprendizagem da criança exige que tanto a escola
quanto os pais tenham um bom relacionamento para que também
o próprio aluno absorva valores dessa junção:
Família-Escola conforme comenta Paola Gentile (2006, p. 33) em reportagem a
revista Nova Escola: “Escola e Família têm os mesmos objetivos: fazer a criança
se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem […] transformar
os pais ou responsáveis em parceiros”.
Essa é uma prova de que a escola está abrindo os
olhos para a realidade. E isso, significa que a escola sem a Família não
funciona como deveria. Porém, é preciso
deixar o preconceito de lado, e procurar ver a realidade em que cada família está
inserida.
A
função da escola não é somente ensinar. Essa, por sua vez, deve expandir seu leque de acolhimento no seu mais amplo sentido para acolher o aluno
como um todo. Para Gentile (2006, p. 35) “A família é o primeiro grupo com o
qual a pessoa convive e seus membros são exemplos para a vida […]” e de acordo
com esses aspectos a escola tem que buscar inserir a família na realidade da
instituição.
Na
atualidade observam-se muitas escolas que atraem os pais para falar dos
problemas que os alunos apresentam, porém, esta não é a melhor forma de trazer
os pais para a escola. É preciso criar momentos diferenciados de descontração
para que esse responsável comece a se familiarizar com o ambiente escolar. Por
isso, a instituição deve em suas propostas pedagógicas inserir metas que
favoreçam as famílias a atuarem junto com o corpo estrutural escolar.
A
dificuldade de aprendizagem no que diz respeito ao não-aprender do aluno muitas
vezes é “decorrente de
metodologia inadequada, professores desmotivados e incompreensivos, brigas e
discussões entre colegas, entre outras” (SIMONI, 2007). Por ser uma facilitadora do conhecimento a escola tem o
dever de oferecer um quadro de profissionais que corresponda uma educação de
qualidade. E, para isso, precisa capacitar seus professores, possibilitando-os a desenvolver uma educação significativa que atenda às necessidades das crianças que por algum motivo apresentam
transtornos de aprendizagem. Essas ações devem vir contidas nas metodologias
que a escola irá usar no decorrer do ano letivo. Esta por sua vez, deve
envolver o aluno em seu contexto para que assim, tanto a escola quanto a
família e a própria criança venha a ganhar com essa prática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário