3 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA:
fatores e causas
Para Jardim
(2001) a dificuldade de aprendizagem representa uma decorrência do insucesso
escolar, intrinsecamente ligado a fatores sociais e individuais, sendo
preocupante no nível de implicações familiar e escolar. Nesse caso, verifica-se
que a escola pode ou não contribuir para que o aluno fracasse no rendimento. Isto
poderá acontecer, caso ela não respeite os conhecimentos prévios e os valores
que essa criança traz de casa.
A escola tem a
função de ensinar a aprender. Portanto, é comum notar que nos tempos atuais
algumas formas de ensinar estão acontecendo erradamente. E isso, está
bloqueando a espontaneidade e a curiosidade das crianças (JARDIM, 2001).
Para Piaget o
homem é um ser social, capaz de interagir com o meio, e que o mesmo não poderia
viver isolado dos acontecimentos sociais. Portanto, o desenvolvimento do homem acontece
a partir das relações de convivência e trocas que este estabelece com outros
seres racionais. “O ser social é justamente aquele que consegue relacionar-se
com seus semelhantes de forma equilibrada […]” (LA TAILLE, 1992, p. 15).
Sabe-se que a
aprendizagem se dá por meio de um processo dinâmico e que em hipótese alguma
deve desencadear em acúmulo do conhecimento. Pois, uma vez que a escola se
distancia do trabalho pedagógico, pode obter um resultado pouco satisfatório
referente ao nível de aprendizagem dos alunos, ela está se equivocando quanto à
construção do conhecimento. Para Jardim (2001), alguns parâmetros devem ser
levados em consideração: a discrepância entre o potencial de aprendizagem e os
resultados escolares; disfunções no processo de informação e fatores de
exclusão são os grandes responsáveis pelo desempenho escolar.
Na prática,
esses aspectos não são levados muito a sério. Isto, por conta da idéia fixada,
de que a criança com dificuldade de aprendizagem apresente algum tipo de
distúrbio, o que se caracteriza como exclusão
social. Para Garcia (1998) as dificuldades de aprendizagem estão diretamente
correlacionadas nos processos implicados na linguagem e nos rendimentos
acadêmicos. No entanto, é possível que a dificuldade de aprendizagem ocorra
independente da idade da pessoa, e pode ser causada por uma disfunção cerebral
ou uma alteração emocional-condutual.
Tratando-se da
dificuldade de aprendizagem da leitura, pode-se inferir que essa depende do
nível em que a pessoa se encontra. Por exemplo: para Piaget na criança, “[…] a
linguagem é uma forma de representação e consiste num sistema de significações
no qual a palavra funciona como significante, porque permite ao sujeito evocar
verbalmente objetos ou acontecimentos ausentes […]” (FARIA, 1997).
Verifica-se que,
a presença do objeto de conhecimento e a exploração deste facilitam a expressão
verbal e, ao passo que a criança vai evoluindo sua inteligência, vai
construindo todos os esquemas mentais que vão estruturar o conhecimento.
Para Ferreiro
(1985, p. 21-22), a linguagem ainda deixa muito a desejar levando em conta os
modelos tradicionais e associacionistas. Pois, os primeiros contatos com a
linguagem surgem na família.
Quando a criança produz um som que se assemelha a um
som da fala do pai, estes manifestam alegria, fazem gestos de aprovação,
demonstram carinho, etc. Desta maneira, o meio vai “selecionando” do vasto
repertório de sons iniciais saídos da boca da criança, somente aqueles que
correspondem aos sons da fala adulta. A esses sons é preciso dar um significado
para que se convertam em palavras.
Nesse caso é
preciso apresentar à criança símbolos que reflitam o significado dos sons
emitidos pelo adulto. Esta seria uma forma de solucionar o tal problema. Na
situação em que a criança apenas produz a linguagem, observa-se que ela não é
incentivada a compreender a natureza da linguagem.
O processo
inicial da aquisição da linguagem se dá desde a alfabetização, portanto, quando
uma criança apresenta um déficit no desempenho da leitura dentro dos níveis
evolutivos pode-se afirmar que a mesma precisa de um trabalho diferenciado
junto ao educador.
Contudo,
observa-se que, alguns fatores podem impossibilitar o desenvolvimento da
aprendizagem infantil, alguns transtornos escolares. Pain (1985, p. 28)
considera “[…] o problema de aprendizagem como um sintoma no sentido de que o
não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação
peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de
desenvolvimento”.
No entanto, é
possível solucionar essa problemática. A questão de não aprender, norteia a
idéia de sintoma. Muitas vezes a dificuldade de aprendizagem, pode ser uma
forma de obter a atenção do pai. Essa situação vale tanto para o aprender quanto para o não aprender, uma vez que em
muitos casos os pais trabalham e, estão ausentes a maior parte do tempo, isto
provoca carência afetiva na criança, que
busca uma forma de ser notada.
3.1 Os Fatores que causam dificuldades de aprendizagem
Os fatores
neuropsicológicos, psicomotores/sensoriais e cognitivos, devem estar
funcionando normalmente para poder favorecer a aprendizagem, de maneira que não
interrompa a criança o desenvolvimento na escola Garcia (1998). O resultado de
uma aprendizagem bem sucedida requer do indivíduo, que suas estruturas
cognitivas estejam funcionando dentro da normalidade.
Para que a
criança obtenha bons resultados acerca do processo de aquisição da leitura, é
preciso que o ambiente seja favorável e estimulante. A aprendizagem no seu
pleno desenvolvimento exige uma mudança e, sabe-se que essa mudança traz
aspectos hereditários que são influenciados
pela interação com o meiox onde ele vive.
A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do
organismo e independe de treino ou estimulação ambiental. Caracteriza-se por
mudanças estruturais influenciadas pela hereditariedade, que ocorrem em dado
momento, envolvendo a coordenação de numerosas partes de sistema nervoso […].
(COELHO, 1999, p. 10).
Considerando o
processo de maturação e de desenvolvimento da estrutura física, assim como, o
aspecto sócio-cultural e emocional pode ser identificada a dificuldade de
aprendizagem da leitura. Pois, sabe-se, que
a criança durante seu desenvolvimento sofre mudanças que podem inferir no
estado de evolução da lecto-escrita.
Verifica-se que
o indivíduo é um ser bio-psico-social e cultural e, ainda que seu emocional deva
estar em equilíbrio com o ambiente que vive, para que ele possa internalizar
informações que lhe são fornecidas através dos adultos. Portanto é importante
ressaltar que, para aprender, o aluno precisa estar em harmonia com tudo aquilo
que o cerca.
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