domingo, 8 de abril de 2012



2 CONTEXTO HISTÓRICO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Os problemas de dificuldade da aprendizagem na leitura podem ter grandes significados, quando observados de um ângulo histórico. A partir das relações históricas entre a sociedade contemporânea e a sociedade da Antigüidade, é possível dissipar as facetas que são apresentadas para as crianças durante o processo de aquisição do ato de ler.
A princípio parece banal, mas na sociedade antiga a educação nunca foi pioneira para as famílias de classe baixa que viviam satisfeitas apenas com a aquisição do conhecimento da escrita e da leitura. Enquanto que, nas famílias de classe média, a escolarização se estendia até o nível superior (ARANHA, 1996). Essa desigualdade educacional ainda perdura nos tempos atuais, porém com pouca abrangência social.
A ideologia é, portanto, um fenômeno das sociedades dividas em classes. Por meio dela a classe dominada não percebe a divisão que a inferioriza e, assumindo os valores dominantes, não é capaz de elaborar a consciência própria da classe a que pertence. (ARANHA, 1996, p. 16).
Esse de fato é o retrato da sociedade até os tempos contemporâneos. A ideologia imposta pela classe dominante é acatada pela classe subalterna, que mediante o comando esbarra-se na fragilidade de cumprir com sua obrigação de oprimido. Esquecendo-se de que é um cidadão repleto de direitos e deveres. Por isso não deveria baixar a cabeça perante essa situação.
Todas as questões que se voltam para a relação ideológica assumem caráter político, pois levam o cidadão a confrontar-se com sua própria história principalmente, quando se refere à educação, porque este contexto, subjetiva dois aspectos, um educacional e outro social, onde ambos sofrem influências entre si. Contudo, ao compartilhar com o meio, a educação acaba por sofrer os efeitos da ideologia, fortalecendo as relações estabelecidas a partir da existência do homem (ARANHA, 1996).
A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar de socialização do indivíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros, a comunicar e a falar depois aprende comportamentos, regras, sistemas de valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica […]. (CAMBI, 1999, p. 80).
O que se verifica é que por ser a família a responsável primordial nos aspectos educacionais, acata as normas da sociedade respeitando a hierarquia institucional, onde leva adiante os conhecimentos de seus antepassados. Esse era um marco no sentido de não fazer morrer a cultura deixada por seus parentes. Por isso, durante muito tempo a educação foi sendo conduzida sobre a ação ideológica.  
A história geral da educação mostra o quanto sua ausência no contexto educacional protelou a conquista de sua emancipação no que se refere ao espaço adquirido no final do séc. XVIII, quando os próprios historiadores buscam sistematizar e inserir a história da educação no processo de aquisição cognitiva no âmbito escolar.
É importante lembrar que a família, nestas condições, se coloca bastante conservadora no que se refere à existência de uma educação voltada para a valorização dos costumes de seus antepassados, colocando-se à mercê da sociedade dominante. 
Ao passo que essa realidade foi se desencadeando, os tempos foram se adequando à realidade presencial de sua própria história. Com isso, faz-se necessário conhecer alguns períodos históricos que levam a fazer memória acerca dessa realidade até os tempos atuais.

2.1 Antiguidade no Oriente

Conforme se verifica, nos escritos de ARANHA (1996) que, a formação dessa sociedade surge ao norte da África e na Ásia, e somente há quatro milênios a.C. os egípcios se constituem como sociedade entre outras. Nesse período as sociedades eram conhecidas como civilizações fluviais.
Essas sociedades traziam uma organização tradicional, fortalecendo o individualismo, onde o Estado mantinha o poder e impugnava a classe baixa, apropriando-se de suas terras, para que assim, controlasse a produção agrícola, os impostos e o principal meio de evolução, a mão-de-obra. Isso caracteriza a centralização do poder e, visa ampliar o aspecto hierárquico através da valorização dos dirigentes do Estado.
A maneira de os homens das primeiras civilizações orientais se relacionarem para produzir sua subsistência é conhecida como modo de produção asiático. Há quem também assim denomine as relações de produção dos povos pré-colombianos da América, como os incas, maias e astecas. (ARANHA, 1996, p. 32).
A partir daí observa-se, a diferenciação das classes sociais, quando neste momento, os cargos estão sob a responsabilidade da minoria. E a grande maioria “obsoleta”, isto é, que não teve acesso à educação, dedica-se à produção. E, assim, à sua maneira, transformam a realidade através dos vínculos que se estabelecem entre si por meio da comunicação gerada sobre a produção.
Também neste período, surgem as primeiras letras, demonstrando um período de avanço na história da educação. Mesmo que este avanço não se dissipe, o Estado demonstra seu poder tradicional, através de imposição de normas e regras sociais, que não permite ao povo agir com liberdade. Diferente do tempo da idade média e contemporânea, a escrita era transcrita em hieróglifos “[…] escrita sagrada usada em ocasiões especiais […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 15) representada por figuras nas paredes (pictográficos), sem a presença do som. Somente com o processo de evolução daquele povo, as escritas passaram a obter som e ser transcrita em madeira e papiro sem deixar de lado a forma pictográfica.
A educação por ser tradicional e conservadora alimenta em seu povo as “regras de condutas” no que concerne à existência dos costumes, respeitando assim, a tradicional influência da Igreja, quando o assunto é manter o caráter religioso. E isso, implica deixar de lado a classe menos favorecida, pois os mesmos não tinham direito à educação. “O dualismo escolar, destina um tipo de ensino para o povo e outro para os filhos dos funcionários. A grande massa é excluída da escola e restringida à educação familiar […]”. (ARANHA, 1996, p. 34).
Com o crescimento daquele povo, o que era restrito precisava de abrangência, devido à grande demanda de pessoas que buscavam novas formas de instrução. Mesmo que a educação naquela instância ainda fosse prioritária para a classe dominante, não se vê outra saída, a não ser diferenciar o ensino escolar, pois, precisava-se de mão de obra capacitas para produção. Então, inicia-se com apoio religioso a leitura básica para a classe desfavorecida que “restringia a educação familiar informal”.
Na sociedade Oriental é comum que o conhecimento seja adquirido em templos religiosos ou em algumas casas, uma vez que ainda não existia um espaço apropriado somente para a escolarização. As turmas que se formavam tinham no máximo 20 alunos.
Os ensinamentos eram em forma de conselho e os escribas não ministravam aula às pessoas do povo apenas aos filhos e membros dos segmentos dirigentes. A pedagogia da época era praticada pela repetição e memorização. A autoridade do mestre sempre imperava, inclusive com castigos físicos, para que o aluno não pudesse viver numa sociedade onde a ascensão seria quase impossível. (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 16). 
Observa-se que a pedagogia tradicional centrava-se na idéia de que o homem haveria de se conformar com educação oferecida, tendo sua essência imutável perante a evolução do saber, uma vez que o intelecto e a racionalidade do homem eram desconhecidos. Além do mais, essa tendência valorizava a figura do professor como transmissor do conhecimento e do aspecto lógico, levando em conta, que a memorização e o castigo como recurso pedagógico predominavam na aprendizagem.
Até então, observa-se uma educação que busca moldar o homem para suas necessidades sociais. E para isso, é preciso conter este ser em uma cultura que não se desprenda do aspecto religioso, coagir o homem em sua própria capacidade para não haver nenhum ato de repressão acerca do poder da classe sacerdotal. Por isso, tendiam a conservar o seguinte legado: “[…] o aprendizado é longo, minucioso e voltado para a preservação dessa língua […]” (ARANHA, 1996, p. 34).
Os povos babilônicos centravam-se na construção de bibliotecas e tinham o domínio da astrologia, magia e adivinhações. Essas características descrevem um pouco da realidade educacional dos Egípcios e Babilônicos.
Na índia têm-se uma educação influenciada pelas características do Budismo, fundado no século VI a. C por Sidarta Gautama. O Buda (que significa o iluminado) valoriza a relação entre mestre e discípulo. Essa influência chegou até a juventude norte-americana na década de 50, que se encontravam descontente com o modo de vida Ocidental (ARANHA, 1996).
Para os chineses a educação apresentava caráter conservador, uma vez que o processo de aprendizagem era voltado para a transmissão do conhecimento por meio dos livros clássicos. Na China se usava dessas tradições para influenciar na educação a partir da sabedoria que os autores buscavam para encontrar uma resposta por meio da inspiração e conceitos (ARANHA, 1996).
A educação elementar visa à alfabetização, muito difícil e democrata devido ao caráter complexo da escrita chinesa. Também é ensinado o cálculo e oferecida a formação moral por meio da transmissão dos valores ancestrais […]. (ARANHA, 1996, p. 35-36).
Os aspectos apontados pela educação chinesa denotam traços da tendência tradicionalista. A memorização era a técnica mais usada por essa sociedade uma vez que, o processo de aprendizagem exigiria muito esforço dos estudantes.  
A priori não se observa uma educação que seja uma prática reflexiva uma vez que, a sociedade Oriental não dispõe de um saber que transpasse o aspecto cultural e tradicional em que as famílias transmitem para seus filhos. Levando em consideração os valores religiosos deixados por seus antepassados. 


2.2 Na Antiguidade Grega

As expansões das civilizações orientais chegam à Europa, com o surgimento da Grécia e de Roma.
Na antiga Grécia, politicamente falando, não se tinha uma estrutura política comum a todas as Cidades-Estado. Cada uma apresentava seus próprios segmentos políticos.
A Grécia é uma civilização subdivida que sofreu influências das civilizações ocidentais. E que com sua formação aristocrata (na figura do guerreiro) veio passando por várias transformações no que tange aos interesses dos diferentes povos que habitam seus territórios. Este período caracteriza-se pela implantação do sistema escravista nas Póleis.
Outro fator importante diz respeito ao sistema de escrita já presente nesta época conforme a citação: “A escrita já se encontra suficientemente desligada de preocupações religiosas, sendo utilizadas para facilitar a administração dos negócios […]” (ARANHA, 1996, p. 40).
Os povos que viviam na Grécia tinham uma grande aliada até mesmo pelos séculos que eles se encontram. O que de certa forma vem contribuir com o processo de desenvolvimento da economia, uma vez que o conhecimento da escrita possibilita melhor as relações administrativas. Ainda durante esse período (séc. VIII a. C) alguns conflitos ocorrem devido a uma Crise social e política, o que caracteriza certo confronto entre as classes, devido às leis já existentes favorecerem aos comerciantes.
Democratizar seria uma saída para evitar os conflitos, por isso, no final do século VI a. C, Clístenes dá condições para o nascimento de uma nova ordem política democrática (ARANHA, 1996).
O período clássico (séculos V e IV a. C) e o período helenístico (séculos III e II a. C) são opostos no que se refere ao apogeu e à democracia. No clássico temos uma Grécia enriquecida pelas produções artísticas, literárias e filosóficas e por trás desses avanços em que somente uma parte da sociedade é beneficiada, existem os escravos representando o maior número de habitantes como sustentáculo na economia. Enquanto isso, o povo helenístico vivia uma decadência política. Situação essa ocasionada pela falta de uma política que fosse a base de todas as relações sociais e econômicas. Além dos grandes conflitos travados entre as Cidades-Estado, Atenas e Esparta, que tem Atenas como derrotada.
Ao contrário da antiguidade oriental, a Grécia sobrepõe-se os valores religiosos, para adquirir “[…] a razão da autonomia, da inteligência crítica e pela atuação da personalidade […]” (ARANHA, 1996, p. 41). A valorização do cidadão como pessoa íntegra capaz de formar idéias reflexivas que contribuam para o crescimento daquele povo.
A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física; além disso, decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos. (HERZER, [200-]).
É através das potencialidades acordada entre os povos Gregos que se origina um sistema que passa a dar significado e sentido aos princípios pedagógicos da educação. A Paidéia, por sua vez, é a uma grande descoberta que ganhou ramificação e que no início se direcionava para a “criação de meninos” (pais, paidós, ‘criança’). E com o tempo ganhou nova denominação, segundo Aranha (1996, p. 41):
A palavra paidagogos significa literalmente aquele que conduz a criança (agogôs, que conduz criança), no caso que acompanha a criança à escola.  Com o tempo, o sentido se amplia para designar toda teoria sobre educação. São Gregos que, ao discutir os fins da paidéia, esboçam as primeiras linhas conscientes da ação pedagógica.
Contudo, o saber Grego ainda é referendado as influencias sobre- naturais, ou seja, a força divina ultrapassa o conhecimento racional. O momento histórico foi marcado pelas epopéias Ilíadas, narra os eventos da guerra de Tróia, a vitória dos aqueus e a constituição e Odisséia conta a viagem de Ulisses de Tróia a Ítaca do autor Homero que talvez não possa ter existido e que seus poemas são frutos de autores de diversas épocas (CAMBI, 1999).
Com o nascimento da filosofia a tradição mítica perde seus pensamentos para o racional e o filosófico. O que por certo não ostenta a um grande saldo, uma vez que, esta chegou a seu ápice devido às transformações que se sucederam no período arcaico referente “à escrita, à moeda e a polis”. A forma pela qual se dá o surgimento da filosofia é caracterizada justamente pelos conflitos que foram ocorrendo desde os primórdios de toda a problemática e discussão de uma realidade que jamais fora questionada pelo mito (ARANHA, 1996). 
E educação neste momento ainda não envolve a sociedade no geral quanto ao aspecto formal, porém já se percebe certo enraizamento direcionado à classe baixa.
Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na concepção de Paidéia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais, mas também culturais e antropológicas […]. (CAMBI, 1999, p. 82).
A cidade espartana apresenta uma educação voltada para a formação de “[…] soldados fortes para manter submetidos os outros povos conquistados […]. Era um sistema totalitário, próximo das ditaduras modernas, reduzindo o individualismo a ser quase inoperante […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 69). A partir deste objetivo espartano era possível conciliar com atividades esportivas e musicais.
Quanto à mulher, já era possível manter a estética cuidando de seu corpo. Contudo, essa idéia vem repleta de preconceitos, pois, sugere “abandonar as crianças deficientes ou frágeis demais”. A sociedade espartana preparava o homem para o serviço militar. Conforme comenta Aranha (1996, p. 51): “Ao contrário dos atenienses, os espartanos não são educados para os refinamentos intelectuais, nem apreciam os debates e os discursos longos”. 
Também em Atenas são notáveis alguns aspectos semelhantes com a educação em Esparta. Por exemplo: a mulher continua sendo a responsável pelos afazeres domésticos. Além do processo de alfabetização ser parecido com o de Esparta (Educação física e musical). Contudo, Atenas demonstra superioridade quanto ao aspecto político e democrático. “Os homens viviam na polis, enquanto, em Esparta, viviam em acampamentos militares […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 70). 
Em Atenas, a leitura e a escrita, durante muito tempo não foram valorizadas, uma vez que, educar para o intelectualismo de início não exigia muito conhecimento. O processo do desenvolvimento intelectual era gradual e seguia os níveis de educação: elementar, secundária e superior. No entanto, a classe baixa quando concluía a educação elementar tinha que procurar outro “ofício”, não tinha oportunidade de continuar os estudos, como fazia os filhos da nobreza.
Tanto para Atenas quanto para Esparta, se nota desvalorização das crianças com dificuldades de aprendizagem. A própria família é omissa a respeito das deficiências trazidas por seus filhos. Tendo em vista que, a sociedade era obediente aos costumes e à cultura de sua cidade-estado.  
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O Principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio. (HERZER, [200-]).
Como cita o autor a figura da mulher era bastante inferiorizada por conta do machismo que já predominava desde os tempos antigos. A mulher era domesticada para o serviço de casa, ou seja, aprendia todos os afazeres manuais com a mãe. As crianças viviam submissas às ordens dos pais que decidiam qual seria o futuro delas, sua infância era tirada desde muito cedo, pois não havia nenhum investimento futuro acerca da educação. Elas desconhecem o significado do afeto familiar.


2.3 Na Antiguidade Romana
A história dos romanos remonta ao segundo milênio a.C quando a parte centro-sul da península é povoada por tribos de provável origem indo-européia, os italiotas ou itálicos. Subdividem-se em diversos povos de línguas, costumes e desenvolvimento diferentes, dedicando-se alguns ao pastoreio, outros a agricultura. (ARANHA, 1996, p. 59).
Como é notável, a sociedade romana é estruturada por diferentes povos, marcada pela posse comum da terra. Nesse período, ainda não existia a sociedade privada. Historicamente, Roma está dividida em três grandes períodos: Realeza (753 a 509 a.C), República (509 a 27 a.C) e Império (27 a 476 a.C). A expansão de Roma a torna uma nação por conta de sua formação.
Segundo Aranha (1996), a pedagogia Grega apresenta duas vertentes: uma voltada para a visão Filosófica Sistematizada (Platão), outra predominava a Retórica (Isocrátes). Porém, para os romanos a visão filosófica sistematizada não é bem aceita uma vez que ela adota uma postura pragmática, ou seja, dão ênfase mais ao cotidiano, para a ação política e não para a contemplação e teorização do mundo. Com isso valorizam mais o discurso e se abstêm da tendência da retórica.
Roma estabelece alguns princípios e objetivos para encaminhar os primórdios educacionais relacionados com o contexto cultural, social e político:
a)  Valorizava, no ser humano, a ação, a vontade e o esforço sobre a reflexão;
b)  No campo político, a ênfase era dada na participação no poder, administração e manutenção dos territórios conquistados;
c)  Socialmente, ela estava assentada nas famílias com finalidade, maior no Estado;
d)  No desenvolvimento cultural, a preocupação era com a criação das leis e normas, mas pouco interesse com a pesquisa e com uma filosofia que pudesse fornecer as bases epistemológicas;
e)  No campo da educação, a ênfase era dada na formação de hábitos, exercícios para a guerra, atitude realista, mas sem grandes reflexões intelectuais dos gregos. Toda educação estava direcionada à prática. (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 81-82).
Ao contrário do povo Grego, a partir de Quintiliano, Roma direciona os cuidados que devem ser tomados quando as crianças começam a primeira infância:
Para a iniciação às letras, sugere o ensino simultâneo da leitura e da escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a aprendizagem. Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar seja menos árdua e mais proveitosa. Considera importante que a criança aprenda em grupo, por favorecer a emulação, de natureza […] saudável e estimulante. (ARANHA, 1996, p. 63).
Conforme Aranha (1996), essa é uma idéia sugerida por Quintiliano para melhor favorecer o processo de formação das crianças. Como nas outras sociedades (Gregas) a educação também tinha início a partir dos sete anos. As meninas permaneciam sob a responsabilidade das mães ou de outra “matrona” mulher responsável, para ensinar os serviços domésticos. E os meninos acompanhavam os pais para serviços mais braçais. A aprendizagem se baseava na vivência cotidiana, onde pai ensinava o que tinha aprendido com seus antepassados, até chegar o período da criança freqüentar a escola.
Contudo, na antiguidade, nota-se que a família não era nuclear, formada por Pai, Mãe e Filhos, mas extensivas, ou seja, incluía todos os membros que ali viviam: filhos casados, escravos e clientes. (dos quais o pater famílias é o proprietário, juiz e chefe religioso) (ARANHA, 1996).
No contexto histórico a problemática das dificuldades de aprendizagem passa a ganhar uma nova visão quando as sociedades começam a se desenvolver de acordo com as épocas e com quem estava à frente do governo, como por exemplo:
a)  No século XIII e XIV as crianças entravam para a escola somente com 13 anos;
b)   No século XVI os Jesuítas colocaram a entrada das crianças na escola para 7 anos;
c)  No século XVII, nos reinados de Luís XIIII e Luís XIV, as crianças iniciavam na escola entre os 5 e 9 anos.
Conforme Jardim (2001), com o tempo a escola foi abrindo suas portas para as crianças, que também representava um número muito grande de inadaptação. Pois, sabe-se que, quanto mais tempo leva para o indivíduo entrar na escola, maiores dificuldades serão encontradas desde os processos de adaptação até os problemas de aprendizagem. A escola, desde os tempos antigos custou muito para dar oportunidade às crianças, tudo isso, por conta do poder ideológico que tornava o cidadão prisioneiro de seus próprios direitos.   

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