domingo, 8 de abril de 2012


1 INTRODUÇÃO

No Brasil é grande o número de crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita. Tal situação causa muitos transtornos na vida do estudante, que muitas vezes prefere evadir-se da sala de aula.
Considera-se importante pensar que a dificuldade de aprendizagem não está voltada para uma questão social em que as pessoas de classe baixa são as mais afetadas, pois conforme algumas leituras teóricas observa-se que o grau de escolarização não define a dificuldade que vem à tona nas crianças, cujo  conhecimento e a informação ainda estão causando um efeito não satisfatório para a sua aprendizagem.
Neste contexto, verifica-se a ausência de interação social entre a família e a escola a fim de buscarem a melhor forma de solucionar a dificuldade de aprendizagem da criança. Sabe-se da necessidade de uma equipe de profissionais que trabalhem junto à família na solução do problema, levando em conta que o trabalho em conjunto possa melhorar, com maior exatidão. Parte daí a intenção com que esta pesquisa vem sendo desenvolvida.
Foi com base no estudo das necessidades educativas e, na situação em que se encontra o nível do desenvolvimento intelectual das crianças que surgiu a idéia de pesquisar sobre a evolução cognitiva desse processo de alfabetização das crianças de séries iniciais. Tendo como princípio básico uma boa saúde mental para que a absorção do conhecimento transcorra de forma natural.
Pensando no baixo número de leitores encontrados no dia-a-dia, surgiu a necessidade de pesquisar sobre a Dificuldade de Aprendizagem da Leitura, causadora de um alto índice de analfabetos, que atualmente vem sendo agravante na sociedade. E que leva a vários questionamentos como:
Por que as crianças não conseguem ter um bom desempenho na leitura? O que está impedindo-as de compreender as letras? Que métodos estão sendo aplicados para facilitar sua aprendizagem? E a família, de que forma intervém nessa realidade? Essas e outras questões vêm despertar para a possível descoberta na aplicabilidade de métodos que possibilitem à criança ter um desempenho na aprendizagem da leitura.
Dentro deste contexto e, com perspectiva de responder aos questionamentos é que o presente trabalho foi desenvolvido numa pesquisa de campo, por meio de um estudo de caso. Tal estudo busca compreender as dificuldades de aprendizagem dos alunos da escola Cosme e Damião, tendo como finalidade, discorrer sobre fatores que estejam impossibilitando a criança se desenvolver dentro do processo individual de aquisição do conhecimento e das habilidades cognitivas.
Considera-se que trabalhar com a família nesse aspecto é fundamental para que na escola a criança tivesse um bom êxito no processo de ensino e aprendizagem. E issox implica na construção de novas técnicas metodológicas a serem desempenhadas pela instituição de ensino.
Contudo, a educação precisa proporcionar situações que estimulem o educando a ter uma satisfação em freqüentar o ambiente escolar.  Uma vez que obtenha o conhecimento voltado para sua necessidade e, levando em conta os aspectos regionais e culturais de sua proximidade, esse tente a desenvolver-se com mais eficácia.
Com isso, a família e a sociedade ganham um cidadão que crescerá com maturidade e responsabilidade dentro das perspectivas educacionais. Por fim, este trabalho vem contribuir para que o índice de alunos com dificuldade de leitura tenha uma baixa significativa para a sociedade, tornando-se marco no processo da alfabetização.
Para melhor explicação sobre o caso em estudo, faz-se uma explanação do histórico das dificuldades de aprendizagem buscando entender a interferência dos métodos no processo do aprender, dando ênfase às ideologias educacionais.














2 CONTEXTO HISTÓRICO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Os problemas de dificuldade da aprendizagem na leitura podem ter grandes significados, quando observados de um ângulo histórico. A partir das relações históricas entre a sociedade contemporânea e a sociedade da Antigüidade, é possível dissipar as facetas que são apresentadas para as crianças durante o processo de aquisição do ato de ler.
A princípio parece banal, mas na sociedade antiga a educação nunca foi pioneira para as famílias de classe baixa que viviam satisfeitas apenas com a aquisição do conhecimento da escrita e da leitura. Enquanto que, nas famílias de classe média, a escolarização se estendia até o nível superior (ARANHA, 1996). Essa desigualdade educacional ainda perdura nos tempos atuais, porém com pouca abrangência social.
A ideologia é, portanto, um fenômeno das sociedades dividas em classes. Por meio dela a classe dominada não percebe a divisão que a inferioriza e, assumindo os valores dominantes, não é capaz de elaborar a consciência própria da classe a que pertence. (ARANHA, 1996, p. 16).
Esse de fato é o retrato da sociedade até os tempos contemporâneos. A ideologia imposta pela classe dominante é acatada pela classe subalterna, que mediante o comando esbarra-se na fragilidade de cumprir com sua obrigação de oprimido. Esquecendo-se de que é um cidadão repleto de direitos e deveres. Por isso não deveria baixar a cabeça perante essa situação.
Todas as questões que se voltam para a relação ideológica assumem caráter político, pois levam o cidadão a confrontar-se com sua própria história principalmente, quando se refere à educação, porque este contexto, subjetiva dois aspectos, um educacional e outro social, onde ambos sofrem influências entre si. Contudo, ao compartilhar com o meio, a educação acaba por sofrer os efeitos da ideologia, fortalecendo as relações estabelecidas a partir da existência do homem (ARANHA, 1996).
A família, em qualquer sociedade, é o primeiro lugar de socialização do indivíduo, onde ele aprende a reconhecer a si e aos outros, a comunicar e a falar depois aprende comportamentos, regras, sistemas de valores, concepções do mundo. A família é o primeiro regulador da identidade física, psicológica e cultural do indivíduo e age sobre ele por meio de uma fortíssima ação ideológica […]. (CAMBI, 1999, p. 80).
O que se verifica é que por ser a família a responsável primordial nos aspectos educacionais, acata as normas da sociedade respeitando a hierarquia institucional, onde leva adiante os conhecimentos de seus antepassados. Esse era um marco no sentido de não fazer morrer a cultura deixada por seus parentes. Por isso, durante muito tempo a educação foi sendo conduzida sobre a ação ideológica.  
A história geral da educação mostra o quanto sua ausência no contexto educacional protelou a conquista de sua emancipação no que se refere ao espaço adquirido no final do séc. XVIII, quando os próprios historiadores buscam sistematizar e inserir a história da educação no processo de aquisição cognitiva no âmbito escolar.
É importante lembrar que a família, nestas condições, se coloca bastante conservadora no que se refere à existência de uma educação voltada para a valorização dos costumes de seus antepassados, colocando-se à mercê da sociedade dominante. 
Ao passo que essa realidade foi se desencadeando, os tempos foram se adequando à realidade presencial de sua própria história. Com isso, faz-se necessário conhecer alguns períodos históricos que levam a fazer memória acerca dessa realidade até os tempos atuais.

2.1 Antiguidade no Oriente

Conforme se verifica, nos escritos de ARANHA (1996) que, a formação dessa sociedade surge ao norte da África e na Ásia, e somente há quatro milênios a.C. os egípcios se constituem como sociedade entre outras. Nesse período as sociedades eram conhecidas como civilizações fluviais.
Essas sociedades traziam uma organização tradicional, fortalecendo o individualismo, onde o Estado mantinha o poder e impugnava a classe baixa, apropriando-se de suas terras, para que assim, controlasse a produção agrícola, os impostos e o principal meio de evolução, a mão-de-obra. Isso caracteriza a centralização do poder e, visa ampliar o aspecto hierárquico através da valorização dos dirigentes do Estado.
A maneira de os homens das primeiras civilizações orientais se relacionarem para produzir sua subsistência é conhecida como modo de produção asiático. Há quem também assim denomine as relações de produção dos povos pré-colombianos da América, como os incas, maias e astecas. (ARANHA, 1996, p. 32).
A partir daí observa-se, a diferenciação das classes sociais, quando neste momento, os cargos estão sob a responsabilidade da minoria. E a grande maioria “obsoleta”, isto é, que não teve acesso à educação, dedica-se à produção. E, assim, à sua maneira, transformam a realidade através dos vínculos que se estabelecem entre si por meio da comunicação gerada sobre a produção.
Também neste período, surgem as primeiras letras, demonstrando um período de avanço na história da educação. Mesmo que este avanço não se dissipe, o Estado demonstra seu poder tradicional, através de imposição de normas e regras sociais, que não permite ao povo agir com liberdade. Diferente do tempo da idade média e contemporânea, a escrita era transcrita em hieróglifos “[…] escrita sagrada usada em ocasiões especiais […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 15) representada por figuras nas paredes (pictográficos), sem a presença do som. Somente com o processo de evolução daquele povo, as escritas passaram a obter som e ser transcrita em madeira e papiro sem deixar de lado a forma pictográfica.
A educação por ser tradicional e conservadora alimenta em seu povo as “regras de condutas” no que concerne à existência dos costumes, respeitando assim, a tradicional influência da Igreja, quando o assunto é manter o caráter religioso. E isso, implica deixar de lado a classe menos favorecida, pois os mesmos não tinham direito à educação. “O dualismo escolar, destina um tipo de ensino para o povo e outro para os filhos dos funcionários. A grande massa é excluída da escola e restringida à educação familiar […]”. (ARANHA, 1996, p. 34).
Com o crescimento daquele povo, o que era restrito precisava de abrangência, devido à grande demanda de pessoas que buscavam novas formas de instrução. Mesmo que a educação naquela instância ainda fosse prioritária para a classe dominante, não se vê outra saída, a não ser diferenciar o ensino escolar, pois, precisava-se de mão de obra capacitas para produção. Então, inicia-se com apoio religioso a leitura básica para a classe desfavorecida que “restringia a educação familiar informal”.
Na sociedade Oriental é comum que o conhecimento seja adquirido em templos religiosos ou em algumas casas, uma vez que ainda não existia um espaço apropriado somente para a escolarização. As turmas que se formavam tinham no máximo 20 alunos.
Os ensinamentos eram em forma de conselho e os escribas não ministravam aula às pessoas do povo apenas aos filhos e membros dos segmentos dirigentes. A pedagogia da época era praticada pela repetição e memorização. A autoridade do mestre sempre imperava, inclusive com castigos físicos, para que o aluno não pudesse viver numa sociedade onde a ascensão seria quase impossível. (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 16). 
Observa-se que a pedagogia tradicional centrava-se na idéia de que o homem haveria de se conformar com educação oferecida, tendo sua essência imutável perante a evolução do saber, uma vez que o intelecto e a racionalidade do homem eram desconhecidos. Além do mais, essa tendência valorizava a figura do professor como transmissor do conhecimento e do aspecto lógico, levando em conta, que a memorização e o castigo como recurso pedagógico predominavam na aprendizagem.
Até então, observa-se uma educação que busca moldar o homem para suas necessidades sociais. E para isso, é preciso conter este ser em uma cultura que não se desprenda do aspecto religioso, coagir o homem em sua própria capacidade para não haver nenhum ato de repressão acerca do poder da classe sacerdotal. Por isso, tendiam a conservar o seguinte legado: “[…] o aprendizado é longo, minucioso e voltado para a preservação dessa língua […]” (ARANHA, 1996, p. 34).
Os povos babilônicos centravam-se na construção de bibliotecas e tinham o domínio da astrologia, magia e adivinhações. Essas características descrevem um pouco da realidade educacional dos Egípcios e Babilônicos.
Na índia têm-se uma educação influenciada pelas características do Budismo, fundado no século VI a. C por Sidarta Gautama. O Buda (que significa o iluminado) valoriza a relação entre mestre e discípulo. Essa influência chegou até a juventude norte-americana na década de 50, que se encontravam descontente com o modo de vida Ocidental (ARANHA, 1996).
Para os chineses a educação apresentava caráter conservador, uma vez que o processo de aprendizagem era voltado para a transmissão do conhecimento por meio dos livros clássicos. Na China se usava dessas tradições para influenciar na educação a partir da sabedoria que os autores buscavam para encontrar uma resposta por meio da inspiração e conceitos (ARANHA, 1996).
A educação elementar visa à alfabetização, muito difícil e democrata devido ao caráter complexo da escrita chinesa. Também é ensinado o cálculo e oferecida a formação moral por meio da transmissão dos valores ancestrais […]. (ARANHA, 1996, p. 35-36).
Os aspectos apontados pela educação chinesa denotam traços da tendência tradicionalista. A memorização era a técnica mais usada por essa sociedade uma vez que, o processo de aprendizagem exigiria muito esforço dos estudantes.  
A priori não se observa uma educação que seja uma prática reflexiva uma vez que, a sociedade Oriental não dispõe de um saber que transpasse o aspecto cultural e tradicional em que as famílias transmitem para seus filhos. Levando em consideração os valores religiosos deixados por seus antepassados. 


2.2 Na Antiguidade Grega

As expansões das civilizações orientais chegam à Europa, com o surgimento da Grécia e de Roma.
Na antiga Grécia, politicamente falando, não se tinha uma estrutura política comum a todas as Cidades-Estado. Cada uma apresentava seus próprios segmentos políticos.
A Grécia é uma civilização subdivida que sofreu influências das civilizações ocidentais. E que com sua formação aristocrata (na figura do guerreiro) veio passando por várias transformações no que tange aos interesses dos diferentes povos que habitam seus territórios. Este período caracteriza-se pela implantação do sistema escravista nas Póleis.
Outro fator importante diz respeito ao sistema de escrita já presente nesta época conforme a citação: “A escrita já se encontra suficientemente desligada de preocupações religiosas, sendo utilizadas para facilitar a administração dos negócios […]” (ARANHA, 1996, p. 40).
Os povos que viviam na Grécia tinham uma grande aliada até mesmo pelos séculos que eles se encontram. O que de certa forma vem contribuir com o processo de desenvolvimento da economia, uma vez que o conhecimento da escrita possibilita melhor as relações administrativas. Ainda durante esse período (séc. VIII a. C) alguns conflitos ocorrem devido a uma Crise social e política, o que caracteriza certo confronto entre as classes, devido às leis já existentes favorecerem aos comerciantes.
Democratizar seria uma saída para evitar os conflitos, por isso, no final do século VI a. C, Clístenes dá condições para o nascimento de uma nova ordem política democrática (ARANHA, 1996).
O período clássico (séculos V e IV a. C) e o período helenístico (séculos III e II a. C) são opostos no que se refere ao apogeu e à democracia. No clássico temos uma Grécia enriquecida pelas produções artísticas, literárias e filosóficas e por trás desses avanços em que somente uma parte da sociedade é beneficiada, existem os escravos representando o maior número de habitantes como sustentáculo na economia. Enquanto isso, o povo helenístico vivia uma decadência política. Situação essa ocasionada pela falta de uma política que fosse a base de todas as relações sociais e econômicas. Além dos grandes conflitos travados entre as Cidades-Estado, Atenas e Esparta, que tem Atenas como derrotada.
Ao contrário da antiguidade oriental, a Grécia sobrepõe-se os valores religiosos, para adquirir “[…] a razão da autonomia, da inteligência crítica e pela atuação da personalidade […]” (ARANHA, 1996, p. 41). A valorização do cidadão como pessoa íntegra capaz de formar idéias reflexivas que contribuam para o crescimento daquele povo.
A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física; além disso, decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos. (HERZER, [200-]).
É através das potencialidades acordada entre os povos Gregos que se origina um sistema que passa a dar significado e sentido aos princípios pedagógicos da educação. A Paidéia, por sua vez, é a uma grande descoberta que ganhou ramificação e que no início se direcionava para a “criação de meninos” (pais, paidós, ‘criança’). E com o tempo ganhou nova denominação, segundo Aranha (1996, p. 41):
A palavra paidagogos significa literalmente aquele que conduz a criança (agogôs, que conduz criança), no caso que acompanha a criança à escola.  Com o tempo, o sentido se amplia para designar toda teoria sobre educação. São Gregos que, ao discutir os fins da paidéia, esboçam as primeiras linhas conscientes da ação pedagógica.
Contudo, o saber Grego ainda é referendado as influencias sobre- naturais, ou seja, a força divina ultrapassa o conhecimento racional. O momento histórico foi marcado pelas epopéias Ilíadas, narra os eventos da guerra de Tróia, a vitória dos aqueus e a constituição e Odisséia conta a viagem de Ulisses de Tróia a Ítaca do autor Homero que talvez não possa ter existido e que seus poemas são frutos de autores de diversas épocas (CAMBI, 1999).
Com o nascimento da filosofia a tradição mítica perde seus pensamentos para o racional e o filosófico. O que por certo não ostenta a um grande saldo, uma vez que, esta chegou a seu ápice devido às transformações que se sucederam no período arcaico referente “à escrita, à moeda e a polis”. A forma pela qual se dá o surgimento da filosofia é caracterizada justamente pelos conflitos que foram ocorrendo desde os primórdios de toda a problemática e discussão de uma realidade que jamais fora questionada pelo mito (ARANHA, 1996). 
E educação neste momento ainda não envolve a sociedade no geral quanto ao aspecto formal, porém já se percebe certo enraizamento direcionado à classe baixa.
Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na concepção de Paidéia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais, mas também culturais e antropológicas […]. (CAMBI, 1999, p. 82).
A cidade espartana apresenta uma educação voltada para a formação de “[…] soldados fortes para manter submetidos os outros povos conquistados […]. Era um sistema totalitário, próximo das ditaduras modernas, reduzindo o individualismo a ser quase inoperante […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 69). A partir deste objetivo espartano era possível conciliar com atividades esportivas e musicais.
Quanto à mulher, já era possível manter a estética cuidando de seu corpo. Contudo, essa idéia vem repleta de preconceitos, pois, sugere “abandonar as crianças deficientes ou frágeis demais”. A sociedade espartana preparava o homem para o serviço militar. Conforme comenta Aranha (1996, p. 51): “Ao contrário dos atenienses, os espartanos não são educados para os refinamentos intelectuais, nem apreciam os debates e os discursos longos”. 
Também em Atenas são notáveis alguns aspectos semelhantes com a educação em Esparta. Por exemplo: a mulher continua sendo a responsável pelos afazeres domésticos. Além do processo de alfabetização ser parecido com o de Esparta (Educação física e musical). Contudo, Atenas demonstra superioridade quanto ao aspecto político e democrático. “Os homens viviam na polis, enquanto, em Esparta, viviam em acampamentos militares […]” (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 70). 
Em Atenas, a leitura e a escrita, durante muito tempo não foram valorizadas, uma vez que, educar para o intelectualismo de início não exigia muito conhecimento. O processo do desenvolvimento intelectual era gradual e seguia os níveis de educação: elementar, secundária e superior. No entanto, a classe baixa quando concluía a educação elementar tinha que procurar outro “ofício”, não tinha oportunidade de continuar os estudos, como fazia os filhos da nobreza.
Tanto para Atenas quanto para Esparta, se nota desvalorização das crianças com dificuldades de aprendizagem. A própria família é omissa a respeito das deficiências trazidas por seus filhos. Tendo em vista que, a sociedade era obediente aos costumes e à cultura de sua cidade-estado.  
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O Principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio. (HERZER, [200-]).
Como cita o autor a figura da mulher era bastante inferiorizada por conta do machismo que já predominava desde os tempos antigos. A mulher era domesticada para o serviço de casa, ou seja, aprendia todos os afazeres manuais com a mãe. As crianças viviam submissas às ordens dos pais que decidiam qual seria o futuro delas, sua infância era tirada desde muito cedo, pois não havia nenhum investimento futuro acerca da educação. Elas desconhecem o significado do afeto familiar.


2.3 Na Antiguidade Romana
A história dos romanos remonta ao segundo milênio a.C quando a parte centro-sul da península é povoada por tribos de provável origem indo-européia, os italiotas ou itálicos. Subdividem-se em diversos povos de línguas, costumes e desenvolvimento diferentes, dedicando-se alguns ao pastoreio, outros a agricultura. (ARANHA, 1996, p. 59).
Como é notável, a sociedade romana é estruturada por diferentes povos, marcada pela posse comum da terra. Nesse período, ainda não existia a sociedade privada. Historicamente, Roma está dividida em três grandes períodos: Realeza (753 a 509 a.C), República (509 a 27 a.C) e Império (27 a 476 a.C). A expansão de Roma a torna uma nação por conta de sua formação.
Segundo Aranha (1996), a pedagogia Grega apresenta duas vertentes: uma voltada para a visão Filosófica Sistematizada (Platão), outra predominava a Retórica (Isocrátes). Porém, para os romanos a visão filosófica sistematizada não é bem aceita uma vez que ela adota uma postura pragmática, ou seja, dão ênfase mais ao cotidiano, para a ação política e não para a contemplação e teorização do mundo. Com isso valorizam mais o discurso e se abstêm da tendência da retórica.
Roma estabelece alguns princípios e objetivos para encaminhar os primórdios educacionais relacionados com o contexto cultural, social e político:
a)  Valorizava, no ser humano, a ação, a vontade e o esforço sobre a reflexão;
b)  No campo político, a ênfase era dada na participação no poder, administração e manutenção dos territórios conquistados;
c)  Socialmente, ela estava assentada nas famílias com finalidade, maior no Estado;
d)  No desenvolvimento cultural, a preocupação era com a criação das leis e normas, mas pouco interesse com a pesquisa e com uma filosofia que pudesse fornecer as bases epistemológicas;
e)  No campo da educação, a ênfase era dada na formação de hábitos, exercícios para a guerra, atitude realista, mas sem grandes reflexões intelectuais dos gregos. Toda educação estava direcionada à prática. (FRANCISCO FILHO, 2003, p. 81-82).
Ao contrário do povo Grego, a partir de Quintiliano, Roma direciona os cuidados que devem ser tomados quando as crianças começam a primeira infância:
Para a iniciação às letras, sugere o ensino simultâneo da leitura e da escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a aprendizagem. Recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar seja menos árdua e mais proveitosa. Considera importante que a criança aprenda em grupo, por favorecer a emulação, de natureza […] saudável e estimulante. (ARANHA, 1996, p. 63).
Conforme Aranha (1996), essa é uma idéia sugerida por Quintiliano para melhor favorecer o processo de formação das crianças. Como nas outras sociedades (Gregas) a educação também tinha início a partir dos sete anos. As meninas permaneciam sob a responsabilidade das mães ou de outra “matrona” mulher responsável, para ensinar os serviços domésticos. E os meninos acompanhavam os pais para serviços mais braçais. A aprendizagem se baseava na vivência cotidiana, onde pai ensinava o que tinha aprendido com seus antepassados, até chegar o período da criança freqüentar a escola.
Contudo, na antiguidade, nota-se que a família não era nuclear, formada por Pai, Mãe e Filhos, mas extensivas, ou seja, incluía todos os membros que ali viviam: filhos casados, escravos e clientes. (dos quais o pater famílias é o proprietário, juiz e chefe religioso) (ARANHA, 1996).
No contexto histórico a problemática das dificuldades de aprendizagem passa a ganhar uma nova visão quando as sociedades começam a se desenvolver de acordo com as épocas e com quem estava à frente do governo, como por exemplo:
a)  No século XIII e XIV as crianças entravam para a escola somente com 13 anos;
b)   No século XVI os Jesuítas colocaram a entrada das crianças na escola para 7 anos;
c)  No século XVII, nos reinados de Luís XIIII e Luís XIV, as crianças iniciavam na escola entre os 5 e 9 anos.
Conforme Jardim (2001), com o tempo a escola foi abrindo suas portas para as crianças, que também representava um número muito grande de inadaptação. Pois, sabe-se que, quanto mais tempo leva para o indivíduo entrar na escola, maiores dificuldades serão encontradas desde os processos de adaptação até os problemas de aprendizagem. A escola, desde os tempos antigos custou muito para dar oportunidade às crianças, tudo isso, por conta do poder ideológico que tornava o cidadão prisioneiro de seus próprios direitos.   

3 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA: fatores e causas

Para Jardim (2001) a dificuldade de aprendizagem representa uma decorrência do insucesso escolar, intrinsecamente ligado a fatores sociais e individuais, sendo preocupante no nível de implicações familiar e escolar. Nesse caso, verifica-se que a escola pode ou não contribuir para que o aluno fracasse no rendimento. Isto poderá acontecer, caso ela não respeite os conhecimentos prévios e os valores que essa criança traz de casa.
A escola tem a função de ensinar a aprender. Portanto, é comum notar que nos tempos atuais algumas formas de ensinar estão acontecendo erradamente. E isso, está bloqueando a espontaneidade e a curiosidade das crianças (JARDIM, 2001).
Para Piaget o homem é um ser social, capaz de interagir com o meio, e que o mesmo não poderia viver isolado dos acontecimentos sociais. Portanto, o desenvolvimento do homem acontece a partir das relações de convivência e trocas que este estabelece com outros seres racionais. “O ser social é justamente aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada […]” (LA TAILLE, 1992, p. 15).
Sabe-se que a aprendizagem se dá por meio de um processo dinâmico e que em hipótese alguma deve desencadear em acúmulo do conhecimento. Pois, uma vez que a escola se distancia do trabalho pedagógico, pode obter um resultado pouco satisfatório referente ao nível de aprendizagem dos alunos, ela está se equivocando quanto à construção do conhecimento. Para Jardim (2001), alguns parâmetros devem ser levados em consideração: a discrepância entre o potencial de aprendizagem e os resultados escolares; disfunções no processo de informação e fatores de exclusão são os grandes responsáveis pelo desempenho escolar.
Na prática, esses aspectos não são levados muito a sério. Isto, por conta da idéia fixada, de que a criança com dificuldade de aprendizagem apresente algum tipo de distúrbio, o que se caracteriza como exclusão social. Para Garcia (1998) as dificuldades de aprendizagem estão diretamente correlacionadas nos processos implicados na linguagem e nos rendimentos acadêmicos. No entanto, é possível que a dificuldade de aprendizagem ocorra independente da idade da pessoa, e pode ser causada por uma disfunção cerebral ou uma alteração emocional-condutual.  
Tratando-se da dificuldade de aprendizagem da leitura, pode-se inferir que essa depende do nível em que a pessoa se encontra. Por exemplo: para Piaget na criança, “[…] a linguagem é uma forma de representação e consiste num sistema de significações no qual a palavra funciona como significante, porque permite ao sujeito evocar verbalmente objetos ou acontecimentos ausentes […]” (FARIA, 1997).
Verifica-se que, a presença do objeto de conhecimento e a exploração deste facilitam a expressão verbal e, ao passo que a criança vai evoluindo sua inteligência, vai construindo todos os esquemas mentais que vão estruturar o conhecimento.
Para Ferreiro (1985, p. 21-22), a linguagem ainda deixa muito a desejar levando em conta os modelos tradicionais e associacionistas. Pois, os primeiros contatos com a linguagem surgem na família.
Quando a criança produz um som que se assemelha a um som da fala do pai, estes manifestam alegria, fazem gestos de aprovação, demonstram carinho, etc. Desta maneira, o meio vai “selecionando” do vasto repertório de sons iniciais saídos da boca da criança, somente aqueles que correspondem aos sons da fala adulta. A esses sons é preciso dar um significado para que se convertam em palavras. 
Nesse caso é preciso apresentar à criança símbolos que reflitam o significado dos sons emitidos pelo adulto. Esta seria uma forma de solucionar o tal problema. Na situação em que a criança apenas produz a linguagem, observa-se que ela não é incentivada a compreender a natureza da linguagem.
O processo inicial da aquisição da linguagem se dá desde a alfabetização, portanto, quando uma criança apresenta um déficit no desempenho da leitura dentro dos níveis evolutivos pode-se afirmar que a mesma precisa de um trabalho diferenciado junto ao educador.
Contudo, observa-se que, alguns fatores podem impossibilitar o desenvolvimento da aprendizagem infantil, alguns transtornos escolares. Pain (1985, p. 28) considera “[…] o problema de aprendizagem como um sintoma no sentido de que o não aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de desenvolvimento”.
No entanto, é possível solucionar essa problemática. A questão de não aprender, norteia a idéia de sintoma. Muitas vezes a dificuldade de aprendizagem, pode ser uma forma de obter a atenção do pai. Essa situação vale tanto para o aprender quanto para o não aprender, uma vez que em muitos casos os pais trabalham e, estão ausentes a maior parte do tempo, isto provoca  carência afetiva na criança, que busca uma forma de ser notada.

3.1 Os Fatores que causam dificuldades de aprendizagem

Os fatores neuropsicológicos, psicomotores/sensoriais e cognitivos, devem estar funcionando normalmente para poder favorecer a aprendizagem, de maneira que não interrompa a criança o desenvolvimento na escola Garcia (1998). O resultado de uma aprendizagem bem sucedida requer do indivíduo, que suas estruturas cognitivas estejam funcionando dentro da normalidade.
Para que a criança obtenha bons resultados acerca do processo de aquisição da leitura, é preciso que o ambiente seja favorável e estimulante. A aprendizagem no seu pleno desenvolvimento exige uma mudança e, sabe-se que essa mudança traz aspectos hereditários  que são influenciados pela interação com o meiox onde ele vive.
A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do organismo e independe de treino ou estimulação ambiental. Caracteriza-se por mudanças estruturais influenciadas pela hereditariedade, que ocorrem em dado momento, envolvendo a coordenação de numerosas partes de sistema nervoso […]. (COELHO, 1999, p. 10).
Considerando o processo de maturação e de desenvolvimento da estrutura física, assim como, o aspecto sócio-cultural e emocional pode ser identificada a dificuldade de aprendizagem da leitura.  Pois, sabe-se, que a criança durante seu desenvolvimento sofre mudanças que podem inferir no estado de evolução da lecto-escrita.
Verifica-se que o indivíduo é um ser bio-psico-social e cultural e, ainda que seu emocional deva estar em equilíbrio com o ambiente que vive, para que ele possa internalizar informações que lhe são fornecidas através dos adultos. Portanto é importante ressaltar que, para aprender, o aluno precisa estar em harmonia com tudo aquilo que o cerca.

3.2 Causas das dificuldades de aprendizagem

Existem algumas causas que podem contribuir com o transtorno de aprendizagem, prejudicando tanto a criança quanto o adulto.  

3.2.1 Causas físicas ou somáticas

Compreendem transtornos transitórios ou permanentes, provenientes de qualquer perturbação como, febre, dor de cabeça, dor de ouvido, cólicas intestinais, anemia, asma, verminoses e todos os males que atinjam o físico de uma pessoa, levando-a a certo estado anormal de saúde. No caso de uma dessas perturbações permanecerem por muito tempo não precisa muita aflição, pois essas doenças são passageiras e perduram de acordo com o grau de intensidade que varia de passos para pessoa (DROUET, 1997).

3.2.2 Causas emocionais

Esse tipo de distúrbio afere tanto as emoções quanto os sentimentos, e vem acompanhado de outros problemas advindos das áreas sensoriais e motoras. Também podem estar ligados a problemas biológicos e sociais conforme aponta Drouet (1997, p. 163).
As pessoas são diferentes uma das outras e por isso reagem diferentemente a um mesmo estimulo ambiental. Os vários tipos de reações, portanto, se devem às diferentes personalidades, ou seja, aos diferentes padrões usuais de reação e interação do individuo com o meio físico e social.
Para muitas crianças o fracasso escolar é decorrente de fatores emocionais como precursores do processo de aprendizagem denotando certa dificuldade, por exemplo: a agressividade para com os pais e professores, representa um fator emocional. A posição dos pais, o processo de aprendizagem  e as exigências sociais têm papel fundamental para o amadurecimento cognitivo da criança. Direta e indiretamente esses personagens podem contribuir para que a dificuldade de aprendizagem se estabeleça (MORAIS, 1985, p. 52).
3.2.3 Causas educacionais

Anteriormente já foram comentadas algumas causas que se correlacionam à questão educacional. Porém, é importante ressaltar segundo Coelho (1999), que as experiências vividas tanto na família quanto na escola determinam o que a criança pode aprender e o que ela poderá vir a ser. Quando o método pedagógico não atende às necessidades do aluno, o reflexo dessa aprendizagem passa a apresentar caráter negativo, e assim, compreende-se que a escola não está correspondendo ao nível de maturidade da criança.    

3.2.4 Causas sócio-econômicas

O meio social também contribui para que o indivíduo se desenvolva, pois considera-se que  a situação econômica do sujeito pode inferir para que a criança apresente indícios de dificuldade de aprendizagem. A esse respeito Pain (1985) diz que as questões sócio-econômicas estão ligadas aos fatores ambientais, uma vez quex haja estímulo é preciso ter uma moradia digna, um bairro que ofereça saneamento básico adequado às necessidades dos cidadãos, escolas, disponibilidade de um espaço para lazer e esportes. Onde a criança tenha acesso a todos os ambientes proporcionais a seu nível. O fator ambiental é especialmente determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua coincidência com a ideologia e os valores vigentes no grupo.   

3.2.5 Causas sensoriais

Os distúrbios sensoriais interferem no funcionamento dos órgãos responsáveis pela “[…] visão, audição, gustação, tato, equilíbrios, reflexo postural ou os receptivos sistemas de condução entre esses órgãos e o sistema nervoso […]” (DROUET, 1997, p. 97). O mau funcionamento desses órgãos pode resultar numa deficiência sensorial transformando-se em problemas de aprendizagem.
Nesse caso, o professor deve estar atento para reconhecer os sintomas que podem surgir na criança conforme sita Drouet (1997, p. 112):
ü Esfregar constantemente os olhos;
ü  Piscar excessivamente;
ü  Contorcer o rosto ao ler;
ü  Chorar frequentemente;
ü  É irritado, preguiçoso ou nervoso;
ü  Tem desprazer em ler.
A percepção desses sintomas pelo professor contribuirá para que a criança seja encaminhada para um especialista dependendo de sua necessidade.

3.2.6 Causas neurológicas

Essas causas atingem todo o sistema nervoso do ser humano, capazes de acarretar em problema de aprendizagem. O grau do problema irá depender da intensidade com que a área foi lesada. Os que as caracterizam como “[…] perturbações do sistema nervoso, tanto do cérebro, como do cerebelo, da medula e dos nervos […]” (DROUET, 1997, p, 97). 

3.2.7 Causas cognitivo/intelectuais

Esta causa está relacionada ao nível de aprendizagem da pessoa, ou seja, o grau de absorção de todo o conhecimento que é capaz de absorver. É através das características cognitivas que o ser humano desenvolve o ser racional acerca da aprendizagem.
É preciso que as capacidades mentais estejam estruturadas para que o cognitivo estabeleça relações com mundo exterior. “A experiência vivida e interiorizada pelo indivíduo leitor (iniciado ou experimentado) permite-lhe converter os símbolos impressos em significações, através de vários processos cognitivos que tentaremos, por agora, apenas explorar […]” (FONSECA, 1995, p. 270).  


4 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE LEITURA

A princípio compreende-se, que o processo inicial da aquisição da leitura é correspondente ao discernimento dos sinais ortográficos, nomes, relações letra-som. Esses procedimentos acompanham o desenvolvimento cognitivo, porém, esta idéia diverge dos meios qualitativos que levam a pessoa a aprender a ler.
Quando se fala das dificuldades da leitura e escrita, e especificamente do processo de alfabetização, é muito importante que sejam questionadas as condições da criança que o inicia, verificando se ela já adquiriu suficiente desenvolvimento físico, intelectual e emocional, bem como todas as habilidades e funções necessárias para aprender […]. (COELHO, 1999, p. 77).
Portanto, é necessário estar atento para essa situação, levando em consideração que a criança necessita ter prontidão para a aprendizagem. E isso, requer que todos seus órgãos estejam funcionando ou evoluindo dentro das expectativas da maturação.    
O processo de aquisição da leitura é único a qualquer indivíduo, então, entende-se, que o grau de dificuldade da aprendizagem na interpretação da leitura depende apenas no próprio leitor. Uma diferença que talvez seja possível identificar, diz respeito à qualidade do ensino com que tal pessoa foi alfabetizada. Conforme afirma Ferreiro (1987, p. 21): “[…] aprender a ler implica o desenvolvimento de estratégias para obter o sentido do texto. Implica o desenvolvimento de esquemas acerca da informação que é representada nos textos […]”.   
Verifica-se, que é necessário antes de qualquer proposta ser acordada no âmbito da aquisição da leitura, enriquecer o espaço escolar com materiais que supram as funções da escola no processo de alfabetização.
O visual é primordial para que a criança se familiarize com a escrita e com a leitura. Portanto, é pertinente que a leitura se inicie na família. Quando o pai ou a mãe não tem hábitos de leituras diversas isso fará com que a criança desde cedo demonstre desinteresse aos estudos. Entretanto, se os pais costumam ler para elas e mostram a necessidade do hábito de leitura, essa atitude da família vai facilitar o avanço no processo de alfabetização.


Conforme Grossi (1990, p. 33):
Antes que a criança compreenda a possibilidade de que as letras possam ter algum vínculo com a expressão de alguma realidade, isto é, que as letras possam dizer algo, ela faz experiências de ler a realidade em desenhos, gravuras. Ela associa às imagens a capacidade de expressar aspectos do real e nem suspeita que com um conjunto de risquinhos se possa fazer o mesmo.
Como é possível observar, antes mesmo que a criança tenha formado os aspectos cognitivos, com rabiscos ao qual é conhecido como garatujas. São expressões involuntárias que buscam imitar a escrita do adulto. 
Para Coelho, o processo da leitura envolve alguns (sensoriais, emocionais, filosóficos, neurológicos, culturais, econômicos e políticos), que são fundamentais para que a criança tenha um bom resultado na aprendizagem da leitura. Acompanhado desses aspectos a criança passa por processos de evolução da linguagem referente ao desenvolvimento cognitivo.
É importante ressaltar sobre a idéia de método e processo de aprendizagem para poder compreender se realmente é possível sistematizar as metodologias de ensino para aprender a ler, “[…] nenhuma aprendizagem conhece um ponto absoluto […]” (FERREIRO, 1985).
Ferreiro (1985, p. 26), inspirada na teoria de J. Piaget busca a partir da dicotomia que se observa acerca da aprendizagem do sujeito tornar compreensível que o conhecimento adquirido pelo homem “enquanto sujeito cognoscente” equilave a ação do indivíduo que ao mesmo “tempo procura ativamente compreender o mundo que o rodeia, e de resolver as interrogações que este mundo provoca”. A questão está relacionada com o potencial que o próprio homem tem em desenvolver a aprendizagem. Sendo estes independentes dos fatores neurológicos, emocionais, psicomotores, sensoriais, etc., pois, acabam “sendo insatisfatórios”.
Observa-se que Faria (1997) diz ser necessário entender que uma boa metodologia, precisa trabalhar com eficácia para despertar o estímulo do indivíduo, a fim de se gerar uma resposta com base no objeto de ensino, transformados pelo sistema de assimilação. Conforme, chamou Piaget, é o processo de aplicação do esquema ao real.
Somente o sujeito é o protagonista de sua aprendizagem, pois, nenhum método irá criar seu conhecimento. Porém, quando se consegue um bom resultado na ampliação cognitiva do homem, elogia-se o método e não a capacidade que o ser teve de interagir com aplicabilidade do esquema.
A escola é, pois, apenas um entre os diversos fatores, bons e maus, que podem influir no desenvolvimento de alfabetização da criança. A aprendizagem da leitura pode ser considerada como um resultado natural quando a criança está exposta a um meio global no qual a comunicação através da linguagem escrita é fundamental. (FERREIRO; PALACIO, 1987, p. 183).
Dentro do processo de iniciação da leitura, nota-se o quanto é importante o papel da escola no que se refere a uma aprendizagem significativa. O indivíduo precisa do conhecimento de suas habilidades para poder fazer uso dos métodos ou processos de aprendizagem coerentes às suas necessidades.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. Linguagem e realidade se dependem dinamicamente […]” (FREIRE, 2002, p. 11). Conforme cita o autor a aquisição da leitura parte dos princípios de visão de mundo pelo qual a pessoa torna perceptivo todos os aspectos que culmina sua vida desde o período da infância.
A relação com a natureza, com os objetos, acontecimentos sociais e relações intrafamiliar vão dando início a uma concepção crítica da leitura feita no contexto em que vive. A partir desse contexto, a aprendizagem começa a ganhar significado, ou seja, é possível através da leitura feita da própria realidade encontrar uma profunda significação no conhecimento adquirido.  
Mediante as teorias de alguns autores já mencionados, é compreensível que a união desses saberes se codifique por uma aprendizagem intrinsecamente dotada de meios racionais que influenciem na aquisição da leitura. Uma vez que a pessoa nasce, ela passa por etapas e níveis de crescimento e amadurecimento.
Respeitando, o processo de evolução do ser humano convém salientar, que a aquisição tanto da leitura quanto da escrita acerca da proposta didática do GEEMPA (Grupo de Estudos sobre Educação – Metodologia de Pesquisa e Ação) é que: “[…] entende-se por propostas didáticas um conjunto de atividades cuja validade se mede por sua eficácia em produzir conhecimentos por parte da população a que se destina […]” (GROSSI, 1990, p. 31). Levando em consideração todos os aspectos primordiais que precedem a aprendizagem e tendo em vista as bases epistemológicas, cognitiva e afetiva.
A proposta do GEEMPA é gerar um trabalho de qualidade na alfabetização que referencie o aspecto social em que o público alvo se encontra. E ao mesmo tempo mostrando fazendo uma relação entre as crianças de classe baixa e média. A proposta em si é estudada em três níveis acompanhando a evolução da criança: nível Pré-Silábico, nível Silábico e nível Alfabético.

a)    Nível Pré-Silábico

Deste muito cedo as crianças usam lápis e papel para desenhar ou imitar a escrita dos adultos. É o período marcado pelo uso das garatujas (desenhos sem figuras), onde o ambiente irá contribuir bastante o inicio dos primeiros rabiscos dos símbolos já presente nas crianças.
Neste nível o ambiente tem que ser favorável. É necessário enriquecê-lo de “[…] materiais e de atos de leitura e de escrita […]” (GROSSI, 1990, p. 32). É preciso que o educador (a) deixe as crianças experimentarem a leitura, isso só irá facilitar o processo de alfabetização.
É também neste período que a criança inicia a imitar algumas letras, misturando letras e números. Os símbolos transcritos por elas são bolinhas, riscos e pedaços de letras. Verifica-se também que a criança começa a perguntar ao adulto sobre as representações que vê. Além de diferenciar letras de números, percebe que as letras servem para escrever, porém não sabe como isso ocorre. 

Principais hipóteses do nível pré-silábico:

ü Falta de consciência de correspondência entre pensamento e palavra escrita;
ü Falta de correspondência entre grafema e fonema, não há reconhecimento do valor sonoro, isto é, não observa a relação existente entre o que se fala ou pensa;
ü Só acredita na possibilidade de escrever substantivos, não compreende que verbos e artigos também se escrevem;
ü Só pode ler ou escrever se houver letras (mais de três ou quatro) variadas.

b)  Nível Intermediário

Neste nível verifica-se que a criança demonstra certa evolução, porém, não há consistência porque os acontecimentos oscilam muito, o que caracteriza muita “[…] contradição na conduta do sujeito […]” (GROSSI, 1990, p. 56).
É o momento em que a consciência do sujeito, mesmo difusa, consegue em alguns casos assimilar que a escrita está relacionada com partes da palavra. Também nota-se que devido à criança ainda estar neste nível, mantém a palavra sem estabilidade, pois o processo de alfabetização ainda não está bem definido. “Isto diz respeito somente a palavras não memorizadas globalmente, como o próprio nome da criança […]” (GROSSI, 1990, p. 57).   

Principais hipóteses do nível Intermediário:

ü A escrita se desvincula da imagem;
ü Os números podem se distinguir das letras;
ü Conflitos entre a pronúncia e a escrita: complicação difícil de ser resolvida.

c) Nível Silábico

No nível pré-silábico a criança precisa está diretamente em contato com a leitura e para isso seu ambiente tem que propiciar esta intimidade.
No período Silábico a criança vive um processo de transição onde o conhecimento passa a dispensar algumas hipóteses, dando espaço para uma “nova” consciência. É o momento em que ela começa a reconhecer com propriedade os sons referentes a cada letra. Além de interpretar a leitura, “[…] a passagem de um nível cognitivo para outro mais elevado não se dá porque foi atingido certo patamar de conhecimento tido como definitivo ou estável. Ao contrário, a passagem se dá porque se esbarrou num obstáculo […]” (GROSSI, 1990, p. ?).

São os desafios da linguagem que proporcionam uma aquisição significativa. Ela precisa confrontar-se com seu consciente para que aos poucos os processos de hipótese sejam ampliados. Quando a criança se descobre neste nível, ela passa a contar todas as sílabas de acordo com a sonoridade, colocando um símbolo para cada letra.
Segundo Grossi (1990) a criança expressa muita alegria por ter escrito algumas palavras:
[…] escrever no nível silábico é uma maneira de “curtir” a nova fórmula encontrada pela criança no mundo da escrita. Escrevendo bastante, a criança vai ter oportunidade de dar-se conta de que resolve plenamente os problemas de nosso sistema de escrita, pois não permite a sua decodificação. (GROSSI,1990, p. 69).
Principais hipóteses do nível Silábico:

ü A criança já aceita mais de duas letras na palavra, porém, com algumas restrições;
ü Já assimila hipóteses de quantidade mínima de letra;
ü Usa somente uma letra por palavra na hora de escrever uma frase;
ü Ainda consegue definir as categorias lingüísticas: artigo, substantivo, verbos, etc.;
ü  Tem maior percepção com som e letras, havendo recorte silábico.

a)    Nível Alfabético

Neste nível verifica-se o ponto culminante, onde a criança desperta para o sistema de escrita. O processo de fonetização está bastante evoluído, porém, em algumas situações a criança ainda irá apresentar características do nível silábico “A entrada num nível significa a superação básica do conflito em torno das concepções características do nível anterior, o que já aconteceu para quem fonetiza algumas sílabas […]” (GROSSI, 1990, p. 23).

Principais hipóteses do nível Alfabético:

ü Compreensão lógica da alfabética da escrita;
ü Conhecimento das letras (sílabas e palavras);
ü Consegue diferenciar sílabas, palavras e frases. Em alguns casos não divide a frase convencional.